foto tirada por Orlando L de Almeida - com celular e sem flash
Resido em Curitiba há três anos e meio. Gosto muito das atividades culturais e nos locais que vou, ao assinar a lista de presença, deixo o e-mail e eles passam a enviar a programação cultural que está em pauta. Assim fiquei sabendo da exposição A Arte do Budô e fui ver e gostei muito. Esta se encerrou dia 24-7-16.
Num e-mail de véspera, o Museu de Curitiba me enviou um convite para ir assistir hoje, sábado (30-7-16) um espetáculo de Música Gregoriana com o Grupo Cantus Libere com a regência do manauara Paulo Valente.
Fui ver o espetáculo e foi de alto nível. Oito músicos se apresentaram e cantaram uma série de canções e o Maestro, muito descontraido e bem humorado, deu uma verdadeira aula sobre esse tipo de arte.
Cheguei a anotar algumas informações passadas por ele no contexto do tema.
Segundo ele, o Papa Gregório, a quem vincularam o nome desse tipo de canto, historicamente não tem nenhuma comprovação que tenha criado nada nesse setor.
No tempo dos impérios na Europa, havia alguns que dominavam povos de variados idiomas e uma forma de "falar" a todos os dominados era usar o Latim no canto e mesmo nas missas que em geral eram cantadas.
As missas eram cantadas porque era uma forma de atingir mais pessoas num ambiente amplo numa época em que não havia alto falantes.
O canto gregoriano e a presença masculina. Ele lembra que na igreja católica historicamente à mulher não era permitido ajudar nos oficios religiosos. Quem frequentava o altar era o padre e seus auxiliares, sempre do sexo masculino.
Aquela música Kyrie eleison (em grego: Κύριε ελέησον, transl. Kýrie eléison, "Senhor, tende piedade") segundo ele é de origem pagã e não religiosa.
Lembrou que o Imperador Carlos Magno era analfabeto. Disse que nos tempos medievais era bem pouca gente que sabia ler. Aprender música na igreja e o latim para os cantos era uma forma de aprender ler e dominar um idioma importante no Império. Tanto que muitos começavam na música e acabavam sendo recrutados para trabalhar para o Estado.
Sobre letras de músicas gregorianas em português ele defende que é algo meio fora de contexto histórico. Seria como um artesão passar hoje a entalhar obras de arte no estilo barroco fora da época em que aquilo era da cultura do momento.
O canto gregoriano sofreu inclusive influência da música celta.
O uso de orgão para acompanhar musica sacra teria ocorrido depois do ano 1.200 porque no tempo do Império Romano o orgão era usado nas arenas para animar os espectadores entre as lutas. Ficou então vinculado a combates e mortes crueis.
O Grupo Cantus Libere tem inclusive página no Facebook. Muito legal.
(tenho também o blog de resenhas de livros e palestras - www.resenhaorlando.blogspot.com.br )