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terça-feira, 30 de março de 2010

RAPA COCO - UM RESGATE DO FUNDO DO BAÚ



Era tempo de eleições para prefeitos e vereadores e eu andava lá pelo Norte Pioneiro a serviço. Quando passava por Abatiá e almoçava naquela cidade, meu ponto preferido era o Restaurante do Seo Hilário, nordestino dos velhos tempos. Certo dia eu estava por lá com uma máquina fotográfica à tiracolo e contei para o Seo Hilário que estava fotografando os muros com os nomes mais esquisitos dos candidatos locais. Nos tempos de Umuarama, tinha até o Mira Perdida. E em Abatiá, tinha o Rapa Coco. Quando contei do Rapa Coco para o Seo Hilário ele riu e disse: Ochê! Fui eu que botei esse apelido no rapaiz! Antes que eu perguntasse ele logo explicou. É que na minha terra natal, lá na Paraiba de antigamente, quando eu era menino, quem mandava na política eram os coronéis. Ninguém tinha coragem de peitar os tais. Mas lá pela capital com o tempo começou surgir uns cabrinhas miúdos, com as manguinhas de fora, tentando fazer campanha para candidato que era contra os coronéis. Quando esses arraias miúdas eram pegos, levavam uma enorme surra, a mando dos coronéis e ainda por cima rapavam o coco deles para servirem de gozação pela comunidade. Onde já se viu querer ir contra o coronel!!!!
Por tudo isso dá para sentir a luta que é para se conquistar um pouco do direito de exercer a cidadania por pessoas de poucas posses e que lutam com seus ideais, às vezes contra enormes grupos de interesse que são um verdadeiro rolo compressor.
Abração, Seo Hilário!!!

quarta-feira, 24 de março de 2010

ANGRA DOS REIS - HÁ VÁRIAS CIDADES NELA




Sou um planejador do improviso, principalmente em férias. Se bem que numa viagem, na verdade, temos que planejar as coisas para não ter dor de cabeça. Pois bem! O plano era visitar Paraty e fomos lá conferir tudo, inclusive comprando guia das praias (do Brasil todo) e o encarte que fala da história de Paraty. Num dos dias por lá, resolvemos dar uma esticadinha até Angra dos Reis-RJ e partimos pela BR 101 e logo estávamos chegando. Como vimos no episódio anterior, um pouco antes da entrada de Angra, visitamos de passagem a Usina Nuclear de Angra, que no começo era apelidada de vaga-lume porque acendia e apagava, acendia... Mas depois afinaram as cordas e agora a coisa está lá firme e forte - suponho - vendendo energia para a redondeza.
Entramos em Angra num dia de sol e calor e as ruas são estreitas no centro velho. E olha que Angra é velha pacas. Foi uma das primeiras povoações da "história deste país". Foi um sufoco tentar achar um estacionamento pago para colocar o carro e poder circular pelo centro antigo da cidade. Vaga na rua, nem pensar. Acabamos achando um lugar, estacionamos e fomos logo visitar uma igreja antiga no centro velho. Por lá tem umas igrejas com vários séculos de existência, umas mais preservadas e uma das mais antigas, infelizmente e lamentavelmente, está caindo aos pedaços. É de doer o coração. Um pedaço da nossa história jogado para as traças. Pena que mesmo o povo não dá muita bola para isso e assim fica mais fácil para as autoridades também não ligarem.
Conseguimos visitar uma igreja, que tem um micro cemitério nos fundos, cercado por altos muros. Nos parece que isso era um costume da época. Os mais chegados seriam sepultados ali e ficariam mais garantidos na viagem para o céu, imaginavam. Tivemos acesso a várias dependências internas da igreja e conseguimos subir ao teto, onde tem um quase mirante, de onde o pessoal estrategicamente, no passado bem remoto conseguiam vigiar o mar e se prevenir da possível aproximação de alguma embarcação hostil.
Passamos em frente à Escola Naval, do início do século passado. Prédio muito bem conservado, cercado de bastante verde, de frente para o mar, como fica bem numa escola naval, pois não!
Agora vem a busca às belas praias de Angra. Andamos de carro por lá e não vimos nem os embarcadouros para as ilhas adjacentes, onde ficam os lugares badalados. Apesar que era uma questão de planejar, reservar tempo e grana (boa grana!) para fazer esses passeios por Angra. Nós que só tínhamos um dia e o tempo era curto e a grana idem, desta vez não conseguimos desfrutar esse lado "televisivo" de Angra, esse lado "Caras" de Angra. Por isso digo: Há várias cidades em Angra. Como diz a raposa sobre as uvas: Deixa pra lá, elas estão verdes...

sábado, 20 de março de 2010

VISITANDO ANGRA DOS REIS - USINA E CIDADE

Numa das nossas férias em família, decidimos visitar Paraty. Partimos de Mauá-SP e optamos por seguir pela Dutra até perto de Aparecida e de lá seguimos rumo a Cunha-SP onde meu cunhado tem uma casa de campo. Cunha fica há mais de 1.500 metros de altitude em relação ao mar. Muito verde, montanha e sossego. De Cunha, descemos a serra rumo a Paraty e na descida tem uns 10 km sem asfalto porque a estrada corta um Parque Ecológico. Dia de chuva, estrada lisa, mas descemos bem com nossa Parati. Valeu a experiência de dirigir na lama, afinal isto faz parte do "cardápio" da minha profissão de agrônomo.
Ficamos em Parati, visitamos o centro histórico, passeamos de barco pelos arredores. O que não tem na cidade é praia legal. Só mais retirado da cidade, que era deficiente em esgoto e no calor o cheiro dos bueiros era bem forte. O ponto negativo do lugar, que vive do turismo.
Num dos dias, resolvemos dar um pulinho de um dia apenas para dar um giro pela cidade de Angra dos Reis, tão mostrada nas Novelas e outras badalações da TV. Pouco antes de chegar na cidade, se localiza a Usina Nuclear de Angra e resolvemos dar uma paradinha para conhecer a obra singular. Como de costume, gastei um tempinho razoável para ler os painéis do local de recepção de visitantes, afinal a usina fica ao lado da rodovia. E de troco, peguei umas publicações explicando detalhes da usina. Seguem alguns, que para mim são curiosos. Por que de uma usina nuclear ao lado do mar, perto de um possível inimigo externo. Eles explicam que na obra haviam peças de grande porte e peso enorme e não teria como transportá-las por estradas, que as pontes não suportariam o peso. E sabemos que hoje há mísseis intercontinentais, que podem viajar milhares de quilômetros até o alvo. Longe ou perto da costa, o risco seria quase o mesmo. Um outro fator é que nesse tipo de usina, no processo de geração é aquecida água em abundância e precisa também de muita água circulando pelo sistema para refrigerar os equipamentos. E o mar ali do lado, tem água para toda a demanda. Há, segundo consta, um sistema de monitoramento rigoroso da água para que esta não contenha radiação nociva ao meio ambiente.
Conforme vimos, tudo isso não deixa de ser curioso, ao menos para mim.

quarta-feira, 17 de março de 2010

JOÃO PERDIDO - UM PERSONAGEM II

No capítulo anterior, apresentamos aos leitores o nosso personagem João Perdido. Como agora ele é nosso velho conhecido, vamos aos fatos.
Um belo dia, perto do Natal, o Seo João pegou uma carga para a Serra Gaucha e veio a calhar, já que ele gosta de um bom garrafão de vinho para o Natal em família. Chegando na região da uva e vinho, fez o serviço de entrega da carga e escolheu um garrafão de vinho no capricho. Enrolou bem o garrafão num pano e colocou tudo atrás do banco do motorista do caminhão, com todo cuidado. Viagem de volta, devagar e sempre até chegar de volta em casa, feliz da vida. Nisso a criançada da casa veio correndo para receber o pai que chegava depois de um punhado de dias fora de casa na viagem de serviço. O Seo João abriu a porta do caminhão e entregou logo o garrafão para um dos filhos maiores levar para dentro de casa e já recomendou o maior cuidado, dizendo que era um garrafão de vinho, cuidado para não quebrar!!!! Foi o guri pegar o garrafão e este lhe escapa da mão e paf! na calçada. O menino ficou desolado e o Seo João ficou uma fera. - Sua besta quadrada!!! Eu não lhe avisei para tomar cuidado? Como pode fazer uma judiação dessas com o nosso vinho que era para o Natal?!!
Eu vim dirigindo devagar, trocando de marcha com cuidado, para depois chegar aqui e ver nosso vinho ir pro boeiro da rua?
Coisas da vida...

terça-feira, 16 de março de 2010

JOÃO PERDIDO, UM PERSONAGEM ANÔNIMO




Meu amigo Joaca Doidão, colega no tempo de universidade e amigo leal até hoje, era vizinho do João Perdido. Primeiro é bom explicar que o Joaca tem um nome de pia e tem até um tio Bispo famoso. O Joaca atende pelo nome de Joaquim Bernardino Valente e atua no Mato Grosso do Sul, onde vive há quase três décadas. O apelido de Joaca foi dado pelos seus dois filhos, dois garotos de ouro, que sempre foram estudiosos e roqueiros. Como jovens, irreverentes e roqueiros, um dia fizeram uma música em homenagem ao velho pai e tascaram o nome da música: Joaca Doidão.
Como eu dizia antes, o meu amigo Joaquim morava com a família quase no centro de Piracicaba, na Rua Santa Cruz, rua que seguindo reto no sentido centro bairro, vai sair no portão da ESALQ-USP, onde cursamos a universidade. Faz algum tempo, mas isso não é relevante para o nosso causo.
O Joaquim tinha um vizinho que era caminhoneiro da velha guarda, dono de um Fenemê (FNM), Fábrica Nacional de Motores, marca que já não existe mais. Mas tem algumas máquinas teimosas da marca rodando em alguns lugares deste mundão de Deus. Um dia, perto de Apucarana, eu ia de carro e peguei uma fila. Quando consegui podar o puxa fila, era um velho Fenemê azul e na traseira dele estava escrito: "Não tô nem aí. Sou o primeiro da fila"
Voltando ao personagem João Perdido, que era vizinho do Joaquim desde que o meu amigo se lembra por gente. Gostava de conversar com o Seo João, que sempre tinha histórias para contar da vida de viajante, de caminhoneiro.
Um dia, meu amigo, que era assíduo frequentador do Colar da Noiva, que é o nome do Estádio do XV de Novembro de Piracicaba, está lá no campo para mais um jogo de futebol e vê com surpresa alguém conhecido, de chinelão no pé, bermuda surrada e uma camiseta cavada. Folgado, comendo amendoim e esperando o início do jogo. Meu amigo nem acreditou. Conhecia o Seo João desde sempre e nunca tinha visto ele atrás de futebol! Alguma coisa estava fora do lugar.
Chegou pro Seo João, cumprimentou e já foi logo perguntando: Ué, Seo João! O que aconteceu que o senhor veio aqui ver o jogo. Começou a gostar de futebol agora?
- Já te explico. Aquele mardito do meu FNM tem quebrado em tudo que é viagem que eu tenho feito, ultimamente. Pois nesta última viagem, o lazarento não quebrou nenhuma vez. E eu fiquei esta semana sem xingar ninguém. Então resolvi vir ao campo pra xingar o juiz.
Este era o saudoso João Perdido. (há outros episódios dele...)

sábado, 13 de março de 2010

Programação dos Shows da Expoingá 2010

Saiu hoje, 13 de março de 2010, no Jornal O Diário de Maringá - PR a programação dos Shows que farão parte da programação da 38a.edição da Expoingá que ocorre no mês de maio. O dia 10 de maio é o aniversário da nossa cidade. A Expoingá ocorrerá no nosso Parque de Exposições no período de 6 a 16-05-2010. A Expoingá tem site na internet e logo os shows estarão constando também por lá.
Dia 06-05 - 22 horas - Show com Jean e Julio
Dia 07-05 - 21 horas - Luan Santana
Dia 08-05 - 22 horas - Xitãozinho & Xororó
Dia 09-05 - 21 horas - Fresno
Dia 11-05 - 22 horas - Roupa Nova
Dia 12-05 - 22 horas - Pitty e Marcelo D2
Dia 13-05 - 22 horas - Inimigos da HP
Estaremos por lá trabalhando no Stand da empresa, dando um duro enquanto a moçada passeia. Mas é muito legal a quebra de rotina e muita gente conhecida da região aproveita o passeio no Parque para nos visitar e tomar um café e bater um papo conosco. E tratar de negócios também!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Escavações Literárias - Termos da minha terra

Eu sou prosa, mas gosto de ler um bocadinho nas horas de folga. E fazer uns rabiscos...
Um dia eu estava comentando sobre palavras e expressões que se usam numa região e nem são conhecidas em outras. Um dia vi um motorista catarinense numa lanchonete falando de um cachorro e dizendo que ele não tinha cola. Cola para ele é rabo.
Um dia, falando disso com meu amigo JF João Francisco, paulista de Botucatu, ele me disse que ia trazer um livro de um conterrâneo dele para que eu lesse. O livro se chama O Grotão do Café Amarelo e o autor, Francisco Marins. Livro da Ed.Melhoramentos, 1973. Fiquei surpreso ao saber pela obra, que o autor já publicou mais de 2.500.000 exemplares dos seus livros em vários idiomas, inclusive um tal de "afrikaans". O livro é ambientando no interior de São Paulo dos anos 20 e é recheado de termos usuais na minha terrinha natal - Cerquilho - SP, rota de tropeiros no passado. Para mim, ler a obra, além do tema em si que me agradou, foi uma volta ao passado pelas expressões que há tempos não ouvia.
Deixando um pouco as ditas palavras de lado, vou centrar fogo numa breve passagem do livro, que deve ser ficção. Dizia que havia uma pequena freguesia, um lugarejo, onde o povo era muito católico e tinha a igrejinha que o pessoal frequentava. Era o tempo das "irmandades", cada uma com sua peculiaridade. E cada grupinho não se dava muito com outro, afinal cada um era dono da razão e não se misturava. Mas um dia, chegaram ao consenso de que a igreja estava pequena e resolveram unir as forças para construir uma maior. Feita a obra com o esforço de todos, quando ia ser inaugurada a obra, deu curuca. Uma irmandade dizia que a nova igreja seria dedicada - claro! - a São Roque, o padroeiro daquela irmandade. A outra irmandade já ficou em pé de guerra. Tinha que ser São José, sem dúvida! E virou um impasse.
Até que um gaiato deu uma idéia inusitada: Vamos decidir numa aposta. Vamos todos para a igreja e o padre vai dar o sermão. Se ele falar mais de São Roque, vai ser ele e se falar mais de São José, que seja São José. Combinado, combinado...
O padre, não sabendo de nada, tem como tema do dia a Sagrada Família. Tava feita a baba... Era São José pra cá, São José pra lá e no sermão só dava o Santo, de Nove a Zero!!! E a turma de São Roque foi abandonando a missa...
O padre chamou o sacristão e na surdina perguntou o que houve. O sacristão avisou que a culpa era do padre e explicou no pé da orelha. O padre, disfarçado, continuou o sermão, com voz firme e forte para os de dentro e os de fora da igreja ouvirem:
Meus caros irmãos. Nunca devemos nos esquecer que São José era carpinteiro. A vida dele era trabalhar na carpintaria, no serrote. Era roque, roque, roque... (até empatar o Nove a Nove entre S.José e São Roque). Nisso a confraria de São Roque voltou para a igreja.
Para tirar um dez, o padre deu um sermão geral no pessoal por causa da aposta e decidiu: Nossa igreja terá padroeiro em rodízio. Um ano é São José e no outro é São Roque...
E assim todos ficaram felizes para sempre...