HOJE OS PARABÉNS SÃO PARA O MEU IRMÃO ANTONIO CARLOS
LISBÔA - 07-02-2022
ENVIO DE PARABÉNS
UMA FALA DE GRATIDÃO DE CORAÇÃO
UM POUCO DO PERFIL EMPREENDEDOR DO CARLOS
UM POUCO DO PERFIL DO TEMPO DA INFÂNCIA
Vamos lá.
Para
começo de conversa, desejar os sinceros parabéns ao mano Carlos pelos seus 74
anos de vida. Que Deus ilumine meu
irmão e família e que tenha saúde, harmonia e felicidade, que merece.
Dito
isso, vou resgatar alguns fatos e feitos do mano Carlos na trajetória dele que
foi espelho inclusive para os irmãos e para a família toda. Devemos muito, muito e a ele. Gratidão eterna e que precisa ser expressa
e, por que não, repetida de vez em quando.
Minhas
filhas, por questão da minha profissão, foram criadas geograficamente longe dos
meus pais e irmãos, mas isso faz parte da vida.
Nós no Paraná e a família focada em Mauá-SP e região como sabemos.
Até para
essa nova geração conhecer um pouco mais do meu irmão Antonio Carlos, vou
voltar um bocadinho lá atrás com algumas coisinhas de memória em família.
Pra
começar, eramos em oito, mas infelizmente nossa irmãzinha mais velha, a Nair,
faleceu logo depois de nascer e se minha memória não falha, disseram que era de
“crupe”, algo ligado a dificuldade de respiração. Não há foto dela. Nós outros sete, pela ordem, Alice, Anselmo,
Antonio Carlos, Orlando, Ana Maria, Mário e Sônia Regina. Meu pai era de 1920 e minha mãe de 1921. Tirando a Soninha que já nasceu em Mauá-SP
(em maternidade), nós outros nascemos na Fazenda Vitória no Bairro Represa, ao
lado do Rio Sorocaba em Cerquilho-SP.
Nossa casa tinha luz elétrica porque há uma pequena usina pertinho de
onde morávamos. No mais era uma casa
de tábuas, sem pintura e coberta com telhas francesas. Piso de chão batido. Fogão de lenha e banho de bacião e repasse no
canecão despejado na criança em pé, pronta pra sair do banho.
Os
sobrenomes. Nossos pais tinham menos
de um ano de escola quando nascemos e no nosso registro há datas de nascimento
de alguns diferente do dia correto e temos quatro sobrenomes diferentes. Todos somos de ano par, com exceção da Ana
Maria que é de 1951. Outros são de 44,
46, 48, 50, 56 e 62. Então tem os
filhos com sobrenome igual do pai, Lisboa de Almeida. Assim é Alice, Orlando e Mário. Só
Lisboa, o Antonio Carlos (acho que o
cartório achou que o nome sendo composto, poderia cortar um sobrenome...). Tem os só Almeida, caso da Ana Maria e da
Sonia Regina. E pra fechar com chave
de ouro, o Anselmo foi registrado como Anselmo Nunes Pires. E de onde veio o Nunes Pires? Vai lá:
Nunes do meu avô materno Luiz Nunes Galvão. O Pires da avó paterna Luiza Correia
Pires. E meu pai Agenor não bebia,
senão poderia um ou outro dizer que ele foi na cidade registrar os filhos e
apareceu “alegre” no cartório. Acho
que foi barbeiragem do cartório mesmo.
Carlos Comediante da casa.
Morávamos
com simplicidade, mas não nos faltava o essencial e também nossos pais foram
muito atenciosos e carinhosos com todos nós.
E a filha mais velha já ia ajudando em casa nos cuidados com os irmãos
menores. Gratidão a ela também, além
dos pais.
O Carlos
sempre foi brincalhão e fazia de vez em quando algumas imitações de
pessoas. Uma vez chegou a colocar um
paletó de papai, daqueles com almofadas por dentro no ombro. As almofadas fazem com que o paletó fique no
formato do ombro do dono mesmo colocado num garoto bem menor. Ficava cômico aquela figura de ombros largos
e canelas finas. Sempre tinha umas
imitações e brincadeiras dele.
Os
apelidos
Os
apelidos não eram de uso direto. Eram
na hora de alguma treta, pra deixar a pessoa irada. E cada apelido tinha sobrenome para deixar
o tal mais raivoso. Alice ficou sem
apelido, já que era a após os pais, a primeira na linha de autoridade, sendo a
mais velha. Daí vem Anselmo que tinha
o apelido de Estela costela. O costela
era pra rimar com Estela e a Estela era uma menina que a gente dizia que ele
gostava dela e ele ficava uma fera quando a gente falava nisso. Então pra deixa-lo fulo: Estela Costela.
Antonio
Carlos era o Carrapato Seco. Um
apelido aleatório e nada tinha a ver com a personalidade dele. Era só pra fazer treta mesmo. Por causa das imitações que ele fazia, me
parece que de vez em quando chamávamos ele de Nhô Inácio. Tinha um velho por lá com esse nome.
Orlando
(sobrou pra mim!) era o Aranha
Cabeluda. Aranha para quem morava no
sitio era comum dentro de casa, no quintal e em todo canto. Felizmente nunca nenhuma nos picou. O fato é que na treta, eu era o aranha
cabeluda.
Em
alguma treta que a mãe intervinha, depois de alguns avisos, ela dava um puxão
de orelha na gente e a orelha ficava vermelha.
A gente ir chorar e os irmãos que estavam do outro lado da treta iam
espiar a “fazer picueta”, rir baixinho da gente ter apanhado. Então o choro nem era tanto pela dor, mas
pelas picuetas dos irmãos.
Ana
Maria (vai sobrar pra todos!) - Era a Nha Tuca. Uma velha da vizinhança. Não me lembro da velha, mas lembro do
apelido. Nas tretas ela era Nha Tuca
Recumbuca. Se não me engano eu e a Ana
Maria eramos os dois mais treteiros principalmente entre os dois mesmo. Diferença só de um ano e meio entre nós
dois e treta fazia parte do cotidiano.
Um dia “só
porque” eu rodava pião e acertou na
canela dela, ela depois de chorar um bocado – com razão – deu o troco. Pegou meus piões e colocou os tais no fogão
de lenha. Viraram cinza. E naquele tempo brinquedo era um luxo dos
luxos... (mas mereci...)
O Mário
e a Soninha não chegaram ter apelido, os mais novos. Nós mais velhos tínhamos uma diferença de
idade em média de dois anos e no caso do Mário e da Soninha, os mais novos, ele
teve um tempo maior, uns cinco anos depois da Ana Maria e então não teria muito
como rolar tretas entre irmãos de uma diferença maior assim de idade.
Voltando
ao aniversariante e seu desprendimento
Onde
morávamos na zona rural tinha a Escola Típica Rural da Fazenda Vitória. Um prédio de alvenaria com telhado de duas
águas, bem construído com três módulos.
Um módulo era a casa da profe.
No meio, um pátio coberto e na parte frontal, uma ampla sala de
aula. Era no sistema multisseriado, ou
seja, os alunos tinham aula de manhã – e só de manhã – todos misturados, de
primeira a terceira série. Naquele
tempo se dizia primeiro ano, segundo ano e terceiro ano de escola. Para ter um certificado tinha que
frequentar a escola da cidade de Cerquilho, seis longos quilômetros da nossa
casa. Eu, a Alice e o Anselmo
fizemos o quarto ano na cidade, sendo que no meio do ano do meu quarto ano,
fiquei doente e perdi aquele ano de escola, 1961, já aos onze anos.
O Carlos
inovou. E esse inovar pode ter tido
grande repercussão positiva na nossa vida.
Vejamos.
Nossos
avós maternos, Luiz e Maria Madalena, tinham migrado para Mauá-SP em 1949. Lá havia emprego com carteira assinada,
acesso ao estudo e possibilidade da pessoa com muito esforço ter uma casinha
própria para abrigar a família.
O Carlos
tabulou as coisas em acordo com os pais, juntou a malinha e foi levado para
Mauá-SP e morou um ano com os tios Rubens e Cida, tia Cida, irmã de mamãe. (ano 1959 ou 1960). Lá ele fez o quarto ano e tirou o chamado
diploma do quarto ano que era o fim do ensino básico da época. Eram poucos que passavam dessa fase. Gratidão da família ao tios.
Meus
avós paternos moraram e trabalharam por uns vinte anos na mesma Fazenda Vitória
no tempo dos pais dos “nossos” patrões que já eram herdeiros da fazenda. Meu pai Agenor trabalhou 25 anos na mesma
fazenda sendo vinte anos lidando com gado de corte e um pouco de gado leiteiro
e cinco anos como administrador. Nossa
casa era ao lado da casa sede da fazenda que era (ou ainda é) um casarão de
alvenaria com um pátio na frente, todo em assoalho e cerca de ciprestes podados
como cerca viva.
Era
começo dos anos 60 e o povo rural andava agitado com a Reforma Agrária e corria
fake News de que os empregados iriam ficar donos das propriedades e patrões e
empregados começaram a ficar desconfiados entre si. Meu pai acabou sendo convencido pela minha
mãe que era hora de partir para Mauá-SP onde já havia conhecidos, além de
parentes lá morando e que conseguiram ter emprego, estudo e casa própria. Deixar um emprego de vinte e cinco anos com
sete filhos era um desafio, mas o fato de ter familiares na cidade ajudou e o
fato do Carlos já estar em Mauá foi um empurrão a mais. Deu tudo certinho, graças a Deus. (mudamos para Mauá-SP dia 09-10-1961 – eu Orlando,
tinha 11 anos)
Carlos
Escriturário
Meu pai
e irmãos mais velhos foram trabalhar em fábrica, principalmente a Porcelana
Real. Em um ano, conseguimos comprar
um terreno pertinho da casa dos nossos avós e construímos nossa casa própria
aos poucos. O Carlos começou
trabalhando na Oficina Mecânica do Sr José Baeza na Vila Vitória. Ruas sem calçamento, chuva, garoa, frio,
lavar peças com gasolina. Resfriado
direto. Ele já tinha começado o
ginasial, antes dos mais velhos. Já
tinha em mente trabalhar em serviços de escritório. Conseguiu emprego no Escritório Aliança,
do Nelson Gaza e João Sasaki. Isto
porque ele já estudava o ginásio à noite e tinha feito curso de datilografia,
que era curso pago e poucos tinham acesso.
Ele fez carreira na Contabilidade, fez faculdade em Ciências Contábeis,
ficou sócio do escritório e numa etapa mais adiante, montou o Lisbôa Assessoria
e Contabilidade inclusive em prédio próprio em Mauá-SP. (Aqui é quase uma vida de trabalho em uma
linha de escrita).
Nós
outros irmãos seguimos essa pista do Carlos e fizemos datilografia, ginásio no
período noturno e fomos para serviços administrativos. Meus primeiros três empregos, devo direta e
indiretamente ao mano Antonio Carlos. O
primeiro na parte de Despachante de Trânsito do sócio do Nelson Gaza, por
indicação do Carlos. Depois, aos 17
anos, o Carlos me indicou para cuidar do escritório da LARA Ltda., empresa do
Leonel Damo e família (a empresa era um
porto de areia – extração e venda de areia retirada no bairro Sertaozinho em
Mauá-SP). O escritório ficava na
esquina da Av. Capitão João com a Rua da Matriz. A LARA era cliente do escritório no qual o
Carlos trabalhava. Depois meu
terceiro emprego, no Banco Noroeste aos 18 anos, também por indicação do meu
irmão Carlos. O banco abrindo em Mauá e
foram aos escritórios de contabilidade visando buscar funcionários já práticos
em serviço de escritório. O Carlos já
tinha uma posição no escritório que não compensava começar na carreira de
bancário e me indicou e foi então para o terceiro emprego, todos pelas mãos do
meu irmão, a quem devo muita gratidão.
Bancário
por quatro anos e meio, fiz ginásio, colégio, um ano de Cursinho pré Vestibular
no MED na Rua Augusta, período noturno em 1972 e em 1973 iniciei a Engenharia
Agronômica na ESALQ USP de Piracicaba, curso de quatro anos em período
integral. Daí entra a mana Alice no
apoio direto. Ela com cinco filhos
pequenos e mais o “tio” lá pra aumentar os trabalhos, se bem que eu dava uma
mão no que podia.
Gratidão
eterna também à mana Alice e cunhado Celso Braga.
Carlos e
o socorro aos familiares
O Carlos
atuando em contabilidade, tinha o traquejo para lidar com bancos, repartições e
todo tipo de burocracia num tempo que o povo não tinha nada de noção disso,
inclusive para ter acesso à saúde e aposentadoria. Qualquer crepe na família, era telefonar pro
Carlos e ele sempre pronto com condução e tudo para atender as necessidades de
levar ao médico, prestar socorro, orientar na burocracia e tudo o mais. Gratidão enorme ao Carlos. Teve parente que só se aposentou porque o
Carlos assumiu a dianteira e organizou essa parte para a pessoa ter o seu
direito a aposentar na velhice.
Em
resumo, não dá para dizer que por hora é só, pois deu para se ter uma ideia do
quanto nosso querido irmão Antonio Carlos representou, representa e sempre
representará para nós que temos imenso orgulho de te-lo na família, ele que tem
inclusive duas graduações. Ciências
Contábeis e Direito.
Mano
Antonio Carlos. Parabéns pelo seu
aniversário, gratidão eterna pelo apoio e orientação que você nos deu ao longo
da vida e que Deus proteja você e sua família sempre. Muito obrigado.
Engenheiro
Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida