Eu sempre admirei a cultura popular do nordestino porque, além da riqueza e diversidade, o povo nordestino tem uma série de peculiaridades pouco comuns no Brasil. Eles tem uma identidade, digamos assim. Fora o nordestino, encontramos isso no povo gaúcho. Somos um país novo levando em conta a colonização e coisa e tal e estamos em formação. Somos de berço nessa de ter uma identidade própria, mas já temos muita coisa nossa para nos apegarmos e até para mostrar ao mundo.
O cordel nordestino por exemplo, que sempre acompanhei e agora com a internet fica mais fácil o acesso, anda sendo objeto de estudos e teses acadêmicas no Brasil e no Velho Mundo. E continua fazendo sucesso como arte popular, o que é ótimo. Na época do Natal, vi um texto no Youtube onde havia um Cordel de Natal, contando a história do nascimento de Cristo todo rimado e ilustrado no puro modo do cordel. Primoroso.
Dias atrás no Globo Rural vi uma entrevista com o Ariano Suassuna, autor de vasta obra, dentre elas "O Auto da Compadecida", a peça que popularizou via TV o personagem Chicó e outros mais, com sua frase "Só sei que foi assim..". Pois para minha surpresa, o Suassuna diz que nessa sua obra contou com a inspiração na arte popular do seu nordeste. Citou dois cordéis, um deles "O enterro do Cachorro" e outro, "O cavalo que defecava dinheiro". Claro que o Ariano com sua maestria criou algo original, mas teve inspiração na arte popular e ele fez questão de destacar na TV. Muito bom!!!
Outra coisa que andei até pesquisando mas não achei a "amarra" no Santo Google, numa busca bem sumária, foi o seguinte: Um dia eu estava lendo na Biblioteca de Nova Esperança-PR um livro do Graciliano Ramos - a obra Alexandre e Outros Heróis, cujo personagem Alexandre vem de outra obra dele, de 1944 e lá "achei" a fonte da inspiração do nosso monstro sagrado do humor - Chico Anysio para o personagem Pantaleão. Um baita personagem, diga-se de passagem. O curioso é que, lendo o livro Alexandre e Outros Heróis, o protagonista dessa ficção, o Alexandre, seria ao meu ver o próprio Pantaleão, lá dos idos de 1944. Quem gosta da literatura, dá para conferir no livro do Graciliano Ramos.
É a arte popular conquistando a TV, grandes platéias por aqui e ganhando o mundo com méritos.
orlando_lisboa@terra.com.br
A obra literária nordestina é primorosa mesmo! Lembro que quando li Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto, fiquei arrepiada com a beleza das rimas e com a mensagem forte da poesia.
ResponderExcluirCristina Bergamini - Mauá - SP