JOAQUIM PRESIDENTE (ficção - poesia)
Autor: Orlando
Lisboa de Almeida 27-10-2012
Vou convidar o Joaquim
Amigo de tanta gente
Até parece pra mim
Que ele quer ser presidente
Se é isso que ele quer
Tem que seguir o riscado
Escolhe um partido qualquer
E se deixe ser fichado
Se o partido for nanico
É mais fácil ter espaço
Mas se é fácil por o bico
O duro é o outro passo
Nos partidos bem pequenos
Há pouca estrutura
Terá recurso de menos
E a disputa é mais dura
Nos partidos mais parrudos
Tem recurso, tem cascalho
Mas tem muitos topetudos
A usar cartas do baralho
Então vamos para a eleição
Joaquim no partido nanico
Onde gente de montão
Quer vê-lo subir no pico
Assumir a presidência
Desta imensa Nação
Que é rica em carência
E riqueza, por que não!
Pronto! Ganhou no voto
Dentro da regra do jogo
Ficou muito bem na foto
Mas o arrocho vem logo
Forma um secretariado
Escolhido com critério
Gente de caráter ilibado
Pra ocupar o Ministério
Agora, tudo ajeitado
Faixa no peito e discurso
Festa de posse empombado
E depois seguir o curso
Vai começar a gestão
E lembra do outro poder
Que pra gastar um tostão
O Congresso tem que saber
Saber e dar seu aval
Sobre o tal orçamento
Carimbo das verbas e tal
Aí começa o tormento
Olha quem está no Congresso!
Olha quem colocaram lá!
Colocaram uns egressos
Da ala do Boitatá
Tudo que chega no Congresso
Depende de confabulação
Como pode haver progresso
Sem consenso nem razão
No plagio mais triste do mundo
Tiraram de Francisco de Assis
O ditado mais profundo
E mudaram pela raiz
É dando que se recebe
É no toma-lá-dá-cá
Senão a onça não bebe
A água do Paranoá
Então e agora Joaquim
Dirá o que será de mim
Se eu fosse um Querubim
Talvez fosse menos ruim
(isto me lembra Drummond..)
!!!
Mas certamente que não
Resolveria a situação
Seria apenas uma rima
que não melhoraria o clima
A máquina aperreou
E a tal é federal
O trem do PIB parou
E agora me dei mal
Negocio apoio na Casa
Do tapete azul ou vermelho?
E se a noticia vaza?
O caldo vai ficar feio
Estou no beco sem saída
Nem cavalo pro galope
Como o José nessa
lida
Sem arreio nesse trote.
Escutei um relógio tocando
Acho que estou atrasado
Estive esta noite sonhando
Que bom estar acordado!!
Vou esquecer esse sonho
De um dia ser Presidente
Não quero conchavo bisonho
Prefiro a toga pendente.
Nesta praia da Alta Corte
Nado de braçada forte
Tiro aqui tudo de letra
Sou dono da minha sorte.
(Esta é uma obra de ficção e nada pode nem deve se parecer
com algum personagem real nem imaginário desta nossa querida Nação e o que se
parecer com alguma citação meio oblíqua do poema E Agora José – do Drummond de
Andrade não é coincidência e espero que ele não me venha reclamar nem puxar meu
pé, pobre que sou)