Participo de um curso Patrimônio Histórico do Paraná com aulas às quartas feiras de manhã no Solar do Rosário que fica no Centro Histórico de Curitiba. Uma forma de conhecer melhor o acervo e também de conhecer mais pessoas que tem afinidade com bens culturais.
No dia 17-04-19, após a professora agendar com o pessoal do palácio, fomos visitá-lo das 10 até as 12 h. Foi uma visita cheia de surpresas para o pessoal. Estavamos em quatorze visitantes.
Fomos atendidos pela Sra. Cibele que trabalha no Palácio Iguaçu e entre suas funções, está a de ser a guia para mostrar e comentar as obras disponíveis no acervo local.
O Palácio
O Palácio Iguaçu foi inaugurado pelo Governador Bento Munhoz da Rocha em 1953, ano do primeiro centenário da emancipação política do Paraná em relação a São Paulo.
A surpresa já foi no primeiro local visitado, no térreo, que tem uma capela
onde inclusive toda quarta feira as 12 h há uma Novena com um padre da Igreja Perpétuo Socorro e destinada ao público em geral.
A capela tem na lateral uma imagem de Nossa Senhora do Rocio, que é a Padroeira do Paraná e foi incorporada ao acervo da capela logo após a inauguração do prédio do palácio. A capela no palácio teria sido uma sugestão da esposa do então governador Bento Munoz da Rocha.
Tem uma tela grande alusiva à visita do Papa João Paulo II que visitou Curitiba. Tela de Euro Brandão, datada de 1982. No quadro, entre os detalhes da cadeira que o Papa usou e que está na Catedral de Curitiba e em destaque a representação de um grupo de descedentes de poloneses daqui que estiveram com trajes típicos no evento com o Papa na cidade.
Abaixo, a porta da capela que foi doada por Portugal onde Nossa Senhora do Rocio é bastante cultuada.
Em seguida nos fundos do Palácio visitamos a obra do artista plástico Miguel Rosa. Um mapa do Paraná em relevo nas proporções das elevações de cada região do estado e demarcados os principais rios que correm no estado. No lugar da nascente de cada rio há uma saída para água e em pleno funcionamento a obra teria água corrente permantente, mostrando o rumo de cada rio e tem o nome dos principais municípios por onde cada rio passa. Muito interessante. A obra está precisando de restauro e por enquanto as águas não estão presentes conforme era na forma plena.
Mural (de 1953)
do artista plástico Humberto Cozzo representando o paranaense em atividade madeireira, cafeeira e lavrando a terra com arado de tração animal.
O mural tem a altura de uns cinco metros e uns oito ou mais de largura, sendo bastante grande. Pela cor do material, um tom meio bege, não destaca muito os detalhes numa foto com celular.
Escadaria
Onde no passado as debutantes eram solenemente dispostas para a foto em conjunto como num palco diante dos convidados que ficavam nesse salão visto acima de piso preto e branco.
Painel entalhado em madeira por Poty Lazzarotto
As riquezas da agricultura e pecuária estão presentes na obra do autor.
Tela com tema de Foz do Iguaçu
A tela é de 1920 quando o autor Antonio Diogo da Silva estava há tempos em Paris e lá pintou esse quadro com lembranças das Cataratas do Iguaçu.
Logo abaixo da tela, uma das mobilias do palácio que foram sendo usadas ao longo dos tempos.
Tela - Chegada do enviado do Rei à nova Província do PR
O enviado do Rei para escolher e instalar a Província do Paraná que se desmembrava de São Paulo foi o jovem de 27 anos de idade na época, o baiano Zacarias Goes de Vasconcelos. Ele era bastante culto e tinha já atuado no Piauí onde localizou a capital Terezina no interior do estado visando espalhar a atividade econômica para não ficar concentrada no litoral.
Esta mesma visão ele teria trazido para o Paraná. Consta que ele foi recebido em Paranaguá para onde chegou por navio, num clima de grande festejo porque o povo local achou que lá seria escolhida como a capital da nova Província. A capital acabou sendo localizada em Curitiba que também tinha sua pujança e influência sobre o interior.
Disse a guia que sobre essa tela há curiosidades como a falta de assinatura do autor. Ele teria recebido a encomenda e o tema e um prazo razoável para elaborar a obra para a inauguração do Palácio nos festejos do primeiro centenário da Província. Chegou perto da época aprazada e o autor ainda estava com a obra inacabada. Pressionado, entregou o quadro (enorme) semi acabado e não assinado.
Autor da tela: Arthur Nisio, curitibano (1906-1974)
Tela de Theodoro de Bona
A tela representa o ato de assinatura do termo de criação da nossa Província. O autor paranaense colocou alguns detalhes do Paraná em sua obra com a licença poética do artista, colocando inclusive araucárias numa vista pelas janelas do local. Na realidade o documento foi assinado em São Paulo.
A guia destacou alguns detalhes curiosos da tela que infelizmente na foto não são quase nada visíveis. Um deles são as araucárias além das janelas. Outra é à esquerda, onde todos olham para a mesa solene e um senhor de cavanhaque crisalho olha para "fora" do quadro no chamado efeito Monalisa, ou seja, quem vê o quadro em qualquer posição, parece que o personagem acompanha o expectador com a vista.
Outro detalhe é que do lado direito tem um senhor fazendo anotações, um jornalista, quem sabe, fazendo uma matéria sobre o evento solene. Todos os demais tem a visão na mesa solene.
O autor era retratista do tempo em que as pessoas eram retratadas em tela por artista plástico. Ele teria usado nesta tela a face de pessoas retratadas anteriormente formando os figurantes neste caso. A tela teria demandado três anos de trabalho. (1950 a 1953)
O lustre do salão contém velas no lugar de luzes.
Esta foto está na web no endereço: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3120105384868253556#editor/target=post;postID=313159078652320982
Abaixo vários ambientes do palácio, incluindo local com vista para a avenida frontal ao mesmo.
A galeira de fotos tem desde o primeiro então Presidente da Província do Paraná e na sequência os demais já com o nome de governadores do Estado.
Abaixo, na parte final da visita, fomos conhecer a sala do chamado GGI Gabinete de Gestão e Informações. Esta sala com um aparato tecnológico muito bom oferece um isolamento para reuniões de Secretários de Estado com delegações da região e mesmo do exterior. Foi o momento que sentamos um pouco ao final de duas horas circulando pelos salões do Palácio. Em pé nossa Professora Letícia. Uma das presentes é neta do governador Bento Munoz da Rocha.
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