No ano passado, estivemos visitando as cidades históricas de MG com direito a passar por Inhotim-MG onde há uma das maiores galerias de arte em um parque paisagístico único, enorme e muito bem cuidado. Obra do paisagista Burle Marx se bem me lembro.
Visitas detalhadas em cidades como Congonhas do Campo, com obras de Aleijadinho, São João del Rei, Tiradentes, Ouro Preto, Mariana, Belo Horizonte e Inhotim. Dez dias de passeio em família, os netinhos andando com a gente tipo 12.000 passos por dia ladeira acima ou ladeira abaixo ou tudo junto e misturado.
Teve até, acho que em São João Del Rei, uma rua íngreme que subimos com o carro, rua íngreme e estreita e lá no alto do morro, uma placa: Rua sem saida. Quase nem dava para manobrar. Mas fora estas e aquelas, foi um passeio memorável. Anotei uma pá de coisas e virão páginas e páginas de comentários no Face e no blog.
Hoje quero focar no Boteco. O boteco é um divã, assim como a cabelereira delas, a manicure e outras mais.
Penso que foi em São João Del Rei. Depois de uma maratona agradável de passeios, minha filha Antropóloga que estava no comando da equipe familiar, destacou um bar no centro da cidade que é bem popular e sempre lotado, por sinal.
Chegamos no bar à noite, cansados, para jantar ou lanchar e depois nos recolher. Bar cheio, com três pequenos ambientes, cada um num nível de piso. Beber e tomar cuidado para não quicar pelos degraus.
Nessa noite, pedimos os lanches e nós em três adultos e duas crianças, ali bebericando refi e cerveja conforme a idade, esperando o lanche. Na mesa do lado, um senhor de uns setenta anos, bem moreno, gente simples, que já tinha tomado uma ou mais cervejas, puxa assunto conosco. Minha filha que estava mais perto da mesa dele engrenou na prosa e ele logo foi dizendo que mora na cidade desde sempre, trabalha no serviço de pedreiro e mora com a mãe que é bastante idosa. Um cuida do outro e o outro cuida de uma. E vão levando a vida.
Ele já emocionado pela cerveja e a vida vivida, desabafa que tem medo que a maezinha dele um dia venha a faltar e ele fique sozinho no mundo. Mundo que ficará sem sentido pra ele.
Chorou de emoção de alguém dar ouvidos ao que ele tinha que dizer naquele momento. Chorou por ver que a vida pode nos deixar numa encruzilhada abandonado daqueles que queremos bem e que um dia vão para o andar de cima.
Pediu desculpa, estancado o breve choro da emoção do momento e agradeceu muito. Agradeceu muito porque ouvimos e ouvimos com o ouvido e o coração, o que ele tinha a dizer e que era vital para ele e uma reflexão para nós. E assim completamos mais uma noite de turismo nas Cidades Históricas de Minas Gerais.