(foto do site blogtemposmodernos.com.br)
Na década de 40 essa nossa região central de Maringá era uma floresta tropical de encher os olhos. A terra roxa, muito fértil, fez brotar a cidade muito rapidamente, transformando a riqueza do solo em riqueza do povo. A Companhia Inglesa que projetou nossa cidade e colonizou a região tinha em sua equipe engenheiros de alto gabarito que faziam um trabalho com alguns cuidados de vanguarda para a época, visando alguma preservação ambiental. Nossa cidade saiu da prancheta dos planejadores urbanos privados, com suas ruas de calçadas largas, avenidas com amplo canteiro central com gramado e árvores.
Traçou-se a Avenida Colombo num divisor de águas. As águas que caem para o lado debaixo da Colombo em relação ao centro, vão para certos córregos e as que caem da Colombo para cá, vem em outra direção. Foram projetados dois grandes bosques, sendo um o Parque do Ingá e o outro, o Bosque 2, ao lado do Marista na região central. Vale destacar que a razão mais direta para deixarem esses dois bosques foi a proteção de nascentes não só por bondade, mas para evitar que no lugar delas, se ficassem desprotegidas, haveria séria erosão urbana, que poderia engolir calçadas, ruas, casas, postes e assim por diante.
Pois bem. Os pioneiros, com algum juizo, nos deixaram esses bosques maravilhosos e uma lei que impedia que se impermeabilizasse parte do solo urbano para que parte da água das chuvas penetrasse no solo nos quintais e fosse alimentar o chamado lençol freático do sub solo e assim ir alimentar as fontes, inclusive do Parque Ingá. Mas o "cerumano" como diria aquele calouro fictício (ou nem tanto), com a ganância e comodismo, foi concretando tudo nos quintais residenciais e comerciais. Veja os exemplos dos grandes edifícios que brotam do chão. Será que têm área permeável para alimentar as nascentes? A impermeabilização do solo é o primeiro ingrediente para detonar o Parque do Ingá e a água não tendo como penetrar no solo, vira enxurrada, vai para as galerias e desaguam com violência no Parque do Ingá, causando fortes erosões.
Outro ingrediente silencioso - o tanto de poços semi artesianos que se perfurou por aqui sem um controle efetivo. O poço retira água do sub solo e rebaixa o lençol freático e vai faltar água no lago do Parque Ingá e muito mais que isso.
Depois para completar, temos na lei, que o Poder Público tem o DEVER de agir em prol da conservação do patrimônio público. Não é isso que temos visto por aqui. Ao ponto de deixarem o Parque às moscas durante um tempo enorme, fechado ao público que é o verdadeiro dono daquele santuário da fauna e flora. E o turista que por aqui aparece para ver a cidade Canção, cidade das árvores, fica a ver navios em frente ao Parque do Ingá. Não é o melhor lugar para ver navios, convenhamos.