Autor: Orlando Lisboa de Almeida
Trabalho, trabalho, trabalho, trabalho, trabalho
Salário, salário, salário, salário
Lucro, lucro, lucro, lucro, lucro
Renda concentrada
Miséria espalhada
Campo todo desabitado
Centro urbano apinhado
Gente sem oportunidade
Vagando pela cidade
Num perambular sem fim
A miséria subiu o morro
Todo mundo viu e fez que não viu
A miséria anda ameaçando descer
Como vulcão inativo a renascer.
Patrimônio depredado
Vidro despedaçado
Povo apavorado
Povo despreparado.
Reprimam com violência!
É o clamor da platéia
Como se a panacéia
Fosse dar duro na conseqüência
Nas causas, ninguém pensou,
A história, ninguém ouviu,
A lição, ninguém seguiu
E o previsível, ninguém previu.
Surgem perguntas no ar:
- O que foi que aconteceu?
- O povo se corrompeu?
- Perdeu a vergonha de vez?
Injustiça, opressão
Falta de religião
Overdose de concentração
Estourou a boca do balão.
Agora, não adianta chorar
Pois o leite derramou
E só há uma solução:
Buscar as causas do mal
E tomar posição ativa
Pois a postura passiva
Nos levou pro vendaval.
(PS - escrevi esta poesia quando, há décadas, os morros do Rio ainda estavam em paz em relação ao momento atual. Era por volta de 1992. Ao transpor a poesia para o Blog, perdi algo que era importante no texto em Word, que era a expressão trabalho, com tipos de formas crescentes para dar sentido de mais e mais trabalho e a expressão salário, que de tipo maior de letra, vai se reduzindo para letras miudas, no sentido de minguar o salário).
sábado, 7 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
nossa pai, mto boa a poesia!!! adoreiiii
ResponderExcluirdiz td, e eh impressionante como ela continua cada vez mais atual. espero q este momento passe logo. bjss
pai, tenho de te passar uns artigos do livro "tristes trópicos" lindíssimos sobre as impressoes do levi-strauss sobre o brasil na década de 30. fala da colonizaçao do interior de sp e pr, é bacanissimo!beijaoooo
ResponderExcluir