No nosso cotidiano, é comum ouvirmos as pessoas dizendo: aquele cara, parece que vive em outro mundo! Aquela fulana, parece que vive em outro planeta! Vamos a um lugar, nem perto, nem longe, porque tudo depende do referencial. Vamos a uma ilha bem pequena, em Porto Belo que fica na costa catarinense. A ilha se chama João da Cunha e até nisso demonstra que a região foi colonizada há longa data, com forte presença dos portugueses.
Pois bem. Um certo dia eu estava com a família passando férias na praia e já tinha visto e ouvido várias notícias sobre as viagens marítimas da Família Schürmann, a bordo de um veleiro. Eles deram a volta ao mundo e focaram um tom cultural e ambiental à viagem. Eis que passamos por Porto Belo, local de onde partiu a família Schürmann para a viagem e ficamos sabendo que numa pequena ilha bem perto da costa, havia um singular museu onde a família viajante expunha imagens e objetos coletados nas diferentes etapas da viagem.
Num dos dias do passeio pela praia, resolvemos tomar um barquinho e ir até a pequena Ilha João da Cunha e lá encontramos uma trilha para caminhada no meio de muito verde, muita natureza preservada. No topo, um pequeno museu diferente daqueles que costumamos (ou não!) ver por aí. Uma edificação construída de forma que ficasse a mais harmônica possível com o meio ambiente e que abrigava o tal museu dos Schürmann, com direito a telão com vídeo apresentando imagens de bordo, lugares visitados e muito mais. Tinha meios para o visitante interagir com os viajantes da hora através da internet, em tempo real.
No meio dos objetos expostos no museu, com a devida explicação de cada um, havia dois que me chamaram a atenção e que tem a ver com o "viver em outro mundo". Senão vejamos...
O osso da mandíbula de um javali africano, coletado junto a uma tribo bem "primitiva" daquele continente. A mandíbula ostentava dentes tão grandes, que chegavam a ser recurvados. Pois na legenda estava escrito que no costume da tribo em pauta, os líderes tribais tinham o hábito de tratar um javali a "pão de ló" de tal forma que o animal se alimentasse sem desgastar os enormes dentes, tudo porque aquele que conseguisse uma queixada com os dentes mais avantajados e recurvados, conseguia prestígio inclusive junto à pretendente a companheira. De tal forma cuidavam do javali, que tinha até mulheres encarregadas de mastigar os alimentos até virarem papa para depois fornecê-los ao javali com dentes tão preciosos.
Outra narrativa dizia que numa das tribos visitadas na costa africana, as mulheres casadouras, que estavam à procura do par, costumavam ser "escolhidas" de uma forma inusitada: levavam uma muqueta (um murro) na boca, de forma a quebrar alguns dentes, o que era uma definitiva declaração de amor. Elas passavam então a ostentar aquela banguela como símbolo de quem tinha o seu par... E as que ainda não tinham sido assim escolhidas, ao sorrirem, tapavam a boca com a mão, para que não vessem que elas ainda tinham os dentes e, portanto, ainda não foram escolhidas.
Muitas vezes eu resgato essas duas "peças" do Museu Schürmann para lembrar que a cultura guarda uma série infinita de formas de ver o mundo e que dão um sentido à frase: Parece que ela vive em outro mundo.
Para rematar: Os museus, por mais singelos que sejam, têm algo a nos ensinar.
Mas é aquilo... eu te disse.
ResponderExcluirEntonce meu Camarada, bonita historia, não é deste mundo.
abraço.
Ps. porque não aceita o famoso Ctrl + c , Ctrl + v
neste teu blog?
Amigo Cesidio. Eu rabisco palavras, mas em termos de informática, sou assim um datilógrafo de micro. Manjo pouco de computador. Tanto que no blog, o último texto foi o primeiro em que consegui "justificar" o texto, o que já é um progresso! Mas o copiar e colar do blog, ainda não tentei. Abraço do Orlando
ResponderExcluirpaiiii
ResponderExcluiradorei o texto
sabe q eu naum lembro destas historias? acho q era mto nova... lembro mais da casa, da ilha e do passeio d barco
saudades