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segunda-feira, 10 de maio de 2010

DESTRINCHANDO O CADERNINHO CULTURAL

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Às pessoas do meu convívio, prosa que sou, costumo dizer que gosto da cultura de modo geral e da leitura em particular. Tanto que da leitura resolvi com o tempo dar uns pitacos rabiscando uns textos aqui e outros acolá, de vez em quando. A partir de julho de 1994, resolvi fazer umas anotações sobre os livros que eu lia, destacando com as minhas palavras, aquilo que mais me chamou a atenção na obra. Para tanto, a cada livro que leio, tenho na mão uma lapiseira e papel pautado para anotação. Ao fim da leitura, faço meus apontamentos no caderno específico para isso, sendo que já estou no sexto caderno de 96 folhas capa dura, que são do tamanho de um livro pois se fosse no tamanho de caderno universitário, ficaria meio desproporcional no meio dos livros. Livros que estão devidamente catalogados dentro do padrão de biblioteca. São mais de novecentos livros e se não forem catalogados, quando precisamos de um dos tais, ficaria difícil achar a agulha no palheiro. Dá um pouco de trabalho, mas hobby não é trabalho e não aborrece.
Abrindo o tal caderninho, está lá no volume V, páginas 10 a 12, os comentários do livro As Mentiras que os Homens Contam, de Luis Fernando Veríssimo - Editora Objetiva - RJ - 2001, 166 páginas. Li a obra em fevereiro de 2005.
O autor é um cara pra cima, como se diz no popular. Escreve divinamente bem e seus textos são sempre geniais e bem humorados. Contos curtos, em geral de um par de páginas mais ou menos. Os textos são engraçados, mas no fundo, sempre revelam detalhes do comportamento humano, dos tais macaquinhos no sótão das pessoas, como diria mestre Ziraldo.
Um dos contos do livro, denominado "A Aliança" é uma dessas pérolas da literatura. O protagonista casado, meio paquerador, está sob suspeita perante a esposa que está de olho. Um dia, ao vir do trabalho, fura o pneu do carro numa rua super movimentada da metrópole. Ele tira a aliança para evitar sujar ou amassar na troca do pneu e algo acontece com a aliança. Tudo se desenrola de forma inusitada na sequência dos fatos até chegar em casa e encarar a barra. É ler para crer.
Em "A Mentira", velhos amigos que não se encontravam a tempos, um dia se falam ao telefone e um deles tenta marcar um jantar entre si e esposas. O outro, não querendo cumprir a programação, resolve dar a desculpa de que está doente. O amigo, preocupado, resolve então ali no telefone, que irá visitar o amigo doente em casa. Sucessivas mentiras são contadas para encobrir as anteriores e entra na parada médico, hospital, coisa e tal. Tentou enrolar o amigo e ficou mais enrolado que cordão de franciscano.
Para encurtar a prosa, tem o conto "Brincadeira". O cara resolve ligar para o amigo e usar uma estratégia arrasadora: diz - estou sabendo de tudo... O outro (quem não tem alguma culpinha em cartório) fica em polvorosa. Isto tudo, sem o provocador estar sabendo de nada. Era invenção o seu "sabendo de tudo..." mas deixou o amigo a mil graus de temperatura. Daquelas de derreter as caspas.
Ler é muito bom, inclusive para manter o humor e muito mais. Recomendo.
*** Foto acima destacada de www.fotolivro.com.br

3 comentários:

  1. Em tempo - notar que a leitura do livro foi feita em 2005 e as anotações feitas na época, preservam os dados que mais me interessaram e a qualquer momento posso resgatá-los com facilidade. E recordar esses fatos. O método dos apontamentos também ajuda muito quando temos que estudar um assunto de um livro e destacar dados. Vale a pena.

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  2. Orlando, li há algum tempo os contos que você destaca e realmente são muito bons e vale a pena até relê-los para recordar. Só não tenho a arte de anotar e resgatar com propriedade como você faz. Ainda bem que tenho um amigo que faz isso. Parabéns! E haja caderno!

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  3. Parabéns seu Orlando, já tinha visto esse título mas nunca me despertei a leitura do mesmo, mas agora vendo o que o senhor escreveu vou tentar achar um tempinho, valeu a dica...

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