Total de visualizações de página

Translate

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

NOVA ESPERANÇA (PR) E O VALE DA SEDA


   O nosso Brasil, que é bem novo, com seus quinhentos anos, sempre tem sofrido de alguns males, mas temos feito muitos progressos, se colocarmos um olhar atento ao nosso redor.   Nossa economia vai indo razoável enquanto os países ricos da Europa estão se esperneando e o gigante Estados Unidos não está flor que se cheire no momento.    Ao ponto de milhões de famílias por lá estarem recebendo uma Bolsa Ajuda para o pessoal vencer a crise.    Então temos problemas mas temos virtudes e soluções criativas.
     Visito a região de Nova Esperança-PR, cidade distante ao redor de 42 km de Maringá (com 1 pedágio caro no meio  - 7,50 em pista simples, pagando na ida e na volta!), que é a chamada Capital da Seda.    Diferente de Maringá, Nova Esperança não tem solo roxo, mas arenoso.     Lá antigamente, como aqui, se plantava muito café mas geadas e pragas (nematóides de raiz em particular) ajudaram a varrer o café do mapa local.    Uma das alternativas que o povo de lá achou para as pequenas propriedades familiares foi a criação do bicho da seda.     As lagartas (sirgos) do bicho-da-seda se alimentam exclusivamente das folhas de amoreiras que são plantadas para essa finalidade.    O bom de tudo é que os bichinhos não podem sentir nem o cheiro de agrotóxico e assim a lavoura é isenta desse tipo de insumo.    Bom para a saúde no campo.
     Vou dar um resuminho de como a atividade funciona, para os não iniciados.     Até tempos atrás a indústria da fiação da seda fornecia ovos das lagartas do bicho-da-seda para os produtores e estes faziam a criação.    Nesse tempo, havia perdas porque as pequenas larvas eram muito delicadas.     Adotou-se de certo tempo para cá o sistema da indústria criar a larva até a segunda idade e quando estas entram em processo de muda de pele para crescer (para outra idade), são levadas "dormindo" para o criador - chamado sericicultor.    Este, em barracões específicos, colocam as larvas e sobre elas, ramos frescos de amoreira, único alimento das lagartas.    Elas comem o tempo todo, só parando nos dias de mudança de pele, no que o povo diz que é mudança de idade.   Elas vão até a quinta idade num ciclo aproximado de 30 dias e então param de se alimentar, procuram subir e se fixar em algum lugar seguro para formar o casulo.   O casulo é feito de um só fio de seda de mais de mil metros de comprimento.      Feitos os casulos em estruturas de papelão chamadas "bosques", estes são retirados manualmente e levados logo em seguida para a indústria.  Esta tem que logo depois dar o tratamento adequado aos casulos para que as pupas ou crisálidas não se transformem em borboletas e furem o casulo, inviabilizando o uso da seda pela indústria.    O casulo que sai do sítio é chamado de casulo verde, mesmo sendo em geral branco, porque contém dentro de si uma crisálida viva.      Um kg de casulo verde dá ao redor de 170 gramas de seda.     Atualmente o produtor recebe ao redor de R$.9,00 por kg de casulo verde, dependendo do teor de seda do mesmo.   Em 1 ha de amora, no ciclo de um ano, propicia ao redor de oito criadas de bicho da seda entre setembro e abril, sendo que no inverno a atividade fica em repouso e a própria amoreira praticamente fica sem folhas novas por causa do frio e tempo mais seco.    Ao redor de 800 kg de casulo por hectare (10.000 m2) por ano é o que consegue o produtor da região (sericicultor) que cultiva ao redor de 3 ha.de amora em média.    Dá para ir tocando o barco.        
     Quem é da região, que  tal visitar um cultivo de amora e uma criação do bicho da seda.   Nova Esperança, pela quantidade de pequenas propriedades dedicadas a essa atividade, ensejou a criação da marca Vale da Seda, pois envolve o vale do Rio Pirapó e nesta região há a maior concentração de produção do setor em todo o Ocidente.     Palavras do especialista, nosso amigo João Berdu, que assessora o pessoal do Vale da Seda que pratica o comércio justo e faz artigos de seda como cachecois, echarpes e artesanatos que são vendidos no chamado Comércio Justo até em Paris.     Coisa fina!.      Nestes dias está havendo festa em Nova Esperança para mostrar a produção e comercializar seus artesanatos.   Vai até 20-11 segundo se informa.    Mais detalhes, dá para pesquisar na web.

Um comentário: