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quarta-feira, 19 de março de 2014

MAUÁ MEMÓRIA- CRÔNICA DE JOVENS DOS ANOS SESSENTA

  MAUÁ MEMÓRIA- CRÔNICA DE JOVENS DOS ANOS SESSENTA
Autor:  Orlando Lisboa de Almeida
     A cidade de Mauá dos anos sessenta era um local de imigrantes do interior de São Paulo e muitos outros estados na busca por emprego e melhoria das condições de vida.   A família deste cronista foi uma dessas famílias do interior de São Paulo que migrou para Mauá em 1961 em busca de emprego com carteira assinada e a tentativa de estudar os filhos e conseguir uma casa própria  ao longo do tempo.
     Vamos tentar nesta crônica expressar um pouco das opções de lazer que os jovens tinham por aqui nos anos sessenta, numa cidade pequena (uns 40.000 habitantes), grande maioria das ruas sem calçamento e pouca gente motorizada.   A rotina do jovem da minha época era, na locomoção, andar  “de sola” – à pé, de bicicleta, de ônibus ou de trem.  
     Uma das opções de lazer da época era ir aos Parques de Diversões que eram colocados temporariamente num terreno baldio e lá era um espaço democrático ao menos para estar no meio do povo, paquerar e bater papo com os amigos.   Para usar a estrutura do parque, era comprar o bilhete e ter uns minutos de ação em opções como roda gigante, chapéu mexicano, Mulher gorila, tiro ao alvo e outros.
     Fim de semana, uma das poucas opções era ir ao centro da cidade e se encontrar com os amigos nas lanchonetes para um bate papo ou mesmo para de lá ir a um Parque de Diversões ou bailinho.   Na lanchonete, uns refrigerantes e uma cervejinha ou outra, conforme o bolso comportava.   Muitos dos amigos que frequentavam a lanchonete trabalhavam de dia e estudavam à noite.   Vida dura e suada.
     Bailinho na casa dos amigos.   Tempo dos Anos Dourados, da eletrolinha que tocava discos de vinil acionada a pilha ou eletricidade.    A eletrolinha Delta era muito utilizada e hoje em dia é comum acharmos fotos dela nas buscas na internet para matar a saudade.     A Delta parecia uma malinha plástica, sendo a base a eletrola em si e a tampa, a  parte dos alto falantes.    Era prática.
     Pescaria na Represa Billings de vez em quando era uma das opções dos amigos em fim de semana.    Peixe mesmo era mais o detalhe, pois o que valia mesmo era o lazer e estar junto com os amigos.   A tilápia pequena era praticamente o único peixe que conseguia viver na represa que já era poluída na época.  
     O cinema Symaflor (da família Milanezi – Sylvio, Mário e Flora – iniciais do nome do cinema) era uma das opções de lazer nos fins de semana para a moçada se encontrar, paquerar e assistir filme.   O cine era novo, récem mudado do antigo prédio que depois foi demolido e ficava onde hoje há uma agência do Banco do Brasil no centro da cidade.
     Excursão dos estudantes de vez em quando para lugar não tão longe, que não ficasse caro e que poderia partir cedinho e voltar à noite.    Viagens para o Lago Azul em Americana-SP, Águas de Lindóia e outras cidades não tão distantes.   As excursões eram um acontecimento de amizades e paqueras memoráveis.
     Futebol Amador – ir assistir uma pelada poderia ser uma opção, comumente em campos até sem gramado.  Um deles era o do Vila Vitória, campo em frente ao portão do Cemitério local.   No centro tínhamos os clubes do Independente e do Industrial que possuíam campos pela cidade.   Era um dos poucos tipos de lazer ao ar livre para as pessoas da época.    No dia do Trabalhador, era comum as empresas juntarem seus times para um Festival.   Jogos de duração curta, quem perdia ia ficando de fora e os outros iam ficando até se chegar ao campeão do dia.   Era gente de todo que era canto.  Um dos campos era o do Cerâmica, ao lado da então Cerâmica Cerqueira Leite.
     Ainda no futebol amador, me ocorre o nome dos times do Flor do Morro, no Bairro Salgueiro (perto da minha casa na Vila Bocaina) e o Juá, do Jardim Zaira.
     Carnaval nos clubes.   Destaque para o Industrial e Independente.   Eu e minha turminha frequentávamos o Independente, do qual eu era sócio proprietário.  Os carnavais por lá eram muito animados e muitas paqueras rolavam por lá, o que dá saudade.    Carnaval e Revellion eram esperados pois em ambos a festa era carnavalesca com muito agito e muita alegria e congraçamento.

     Era um tempo de ruas descalças, carro raro, telefone fixo raro nas casas, mas nada disso era impedimento para a moçada agitar no bom sentido, curtir a vida e deixar saudade desse tempo.

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