MAUÁ MEMÓRIA- CRÔNICA DE JOVENS DOS ANOS SESSENTA
Autor: Orlando Lisboa de Almeida
A cidade de Mauá dos anos sessenta era um
local de imigrantes do interior de São Paulo e muitos outros estados na busca
por emprego e melhoria das condições de vida.
A família deste cronista foi uma dessas famílias do interior de São
Paulo que migrou para Mauá em 1961 em busca de emprego com carteira assinada e
a tentativa de estudar os filhos e conseguir uma casa própria ao longo do tempo.
Vamos tentar nesta crônica expressar um
pouco das opções de lazer que os jovens tinham por aqui nos anos sessenta, numa
cidade pequena (uns 40.000 habitantes), grande maioria das ruas sem calçamento
e pouca gente motorizada. A rotina do
jovem da minha época era, na locomoção, andar “de sola” – à pé, de bicicleta, de ônibus ou
de trem.
Uma das opções de lazer da época era ir
aos Parques de Diversões que eram colocados temporariamente num terreno baldio
e lá era um espaço democrático ao menos para estar no meio do povo, paquerar e
bater papo com os amigos. Para usar a
estrutura do parque, era comprar o bilhete e ter uns minutos de ação em opções
como roda gigante, chapéu mexicano, Mulher gorila, tiro ao alvo e outros.
Fim de semana, uma das poucas opções era
ir ao centro da cidade e se encontrar com os amigos nas lanchonetes para um
bate papo ou mesmo para de lá ir a um Parque de Diversões ou bailinho. Na lanchonete, uns refrigerantes e uma
cervejinha ou outra, conforme o bolso comportava. Muitos dos amigos que frequentavam a
lanchonete trabalhavam de dia e estudavam à noite. Vida dura e suada.
Bailinho na casa dos amigos. Tempo dos Anos Dourados, da eletrolinha que
tocava discos de vinil acionada a pilha ou eletricidade. A eletrolinha Delta era muito utilizada e
hoje em dia é comum acharmos fotos dela nas buscas na internet para matar a
saudade. A Delta parecia uma malinha
plástica, sendo a base a eletrola em si e a tampa, a parte dos alto falantes. Era prática.
Pescaria na Represa Billings de vez em
quando era uma das opções dos amigos em fim de semana. Peixe mesmo era mais o detalhe, pois o que
valia mesmo era o lazer e estar junto com os amigos. A tilápia pequena era praticamente o único
peixe que conseguia viver na represa que já era poluída na época.
O cinema Symaflor (da família Milanezi –
Sylvio, Mário e Flora – iniciais do nome do cinema) era uma das opções de lazer
nos fins de semana para a moçada se encontrar, paquerar e assistir filme. O cine era novo, récem mudado do antigo
prédio que depois foi demolido e ficava onde hoje há uma agência do Banco do
Brasil no centro da cidade.
Excursão dos estudantes de vez em quando
para lugar não tão longe, que não ficasse caro e que poderia partir cedinho e
voltar à noite. Viagens para o Lago
Azul em Americana-SP, Águas de Lindóia e outras cidades não tão distantes. As excursões eram um acontecimento de
amizades e paqueras memoráveis.
Futebol Amador – ir assistir uma pelada
poderia ser uma opção, comumente em campos até sem gramado. Um deles era o do Vila Vitória, campo em
frente ao portão do Cemitério local. No
centro tínhamos os clubes do Independente e do Industrial que possuíam campos
pela cidade. Era um dos poucos tipos de
lazer ao ar livre para as pessoas da época.
No dia do Trabalhador, era comum as empresas juntarem seus times para um
Festival. Jogos de duração curta, quem
perdia ia ficando de fora e os outros iam ficando até se chegar ao campeão do
dia. Era gente de todo que era
canto. Um dos campos era o do Cerâmica,
ao lado da então Cerâmica Cerqueira Leite.
Ainda no futebol amador, me ocorre o nome
dos times do Flor do Morro, no Bairro Salgueiro (perto da minha casa na Vila Bocaina)
e o Juá, do Jardim Zaira.
Carnaval nos clubes. Destaque para o Industrial e
Independente. Eu e minha turminha
frequentávamos o Independente, do qual eu era sócio proprietário. Os carnavais por lá eram muito animados e
muitas paqueras rolavam por lá, o que dá saudade. Carnaval e Revellion eram esperados pois em
ambos a festa era carnavalesca com muito agito e muita alegria e congraçamento.
Era um tempo de ruas descalças, carro
raro, telefone fixo raro nas casas, mas nada disso era impedimento para a
moçada agitar no bom sentido, curtir a vida e deixar saudade desse tempo.
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