RESENHA DO LIVRO – DA MINHA TERRA
À TERRA
Livro do fotógrafo Sebastião
Salgado (O fotógrafo da Luz) e da jornalista Isabelle Franqc – Editora Schwarcz
– São Paulo – 2014 – 152 páginas – 1ª.edição
Resenha feita pelo Eng. Agr.
Orlando Lisboa de Almeida
Página 10 – O fotógrafo em
Galápagos tentando fotografar uma tartaruga que não colaborava. A forma que usou para “conquistá-la”. Paciência e talento. Ele rastejou um tempo grande até conquistar
a confiança da tartaruga e só então ela fez poses.
Página 10 – “É preciso descobrir
o prazer da paciência”
10 -
Lembra que Charles Darwin no passado fez importantes estudos em
Galápagos na sua viagem no Navio Beagle.
11 -
O fotógrafo Sebastião Salgado ficou em Galapagos por três meses em seu trabalho
de fotografar no importante arquipélago.
12 -
Os exploradores das novas terras na época da colonização (séculos
XV-XVI) caçavam tartarugas em massa e colocavam vivas nas caravelas como
estoque de alimento fresco por longo tempo.
Tornou as tartarugas mais arredias, quem sabe.
13 – Albatroz, ave de grande envergadura
de asas. Os albatrozes são ótimos no vôo
e ruins de decolagem e pouso.
Constatação do fotógrafo.
15 – Ele é mineiro do Vale do Rio Doce –
cidade de Aimorés – MG
16 –
Distâncias e tamanhos. O Brasil é 15
vezes maior que a França em território. Quando
ele era menino, chegou a participar de marchas de até 45 dias com os peões que
levavam gado da fazenda do seu pai até a cidade onde era feita a venda e o
abate. Diz que isso o ajudou em seu exercício da
paciência e da contemplação da natureza.
Conta que seu pai e equipe chegavam a
levar de 500 a
600 porcos tocados à pé em marchas de 45 a 50 dias até a cidade onde tinha o ponto de
venda e de abate. Eles tinham tempo
de conversar, olhar as paisagens.
“Essa lentidão é a mesma da fotografia”. CONTINUA...... clicar abaixo, à esq.
17 – Velocidade no mundo atual.... “A vida não segue a mesma escala”.
20 – Foi estudar em Vitória-ES, morando em
república de estudantes. Viveu o
período de industrialização e de proletarização. Se aproximou da Ação Popular que seguia
idéias cubanas. Fez Mestrado em
Economia na USP, depois de cursar a faculdade de Economia em Vitória-ES. Tempo da luta armada
(anos 60). Pós 64, os engajados mais jovens
foram encaminhados para o exterior. Ele
e a namorada foram a Paris como exilados.
23 – No tempo de colégio, estudou francês
como uma das matérias no colégio público.
Na época, cidades no Brasil com mais de cem mil habitantes tinham escola
da Aliança Francesa, geralmente comandada por um francês. A França para os jovens da sua época era a
pátria da democracia e dos direitos
humanos.
26 – Ele foi espionado pelo SNI Serviço
Nacional de Informação (órgão da Ditadura Militar) até na França. Ele posteriormente viu os documentos
relativos a isso.
27 – “Que o Lula, que participou da
oposição (à Ditadura) e nunca saiu do Brasil pois era proletário, tornou-se o
maior presidente que o Brasil já teve.”
29 – Como a fotografia entrou na vida
dele. Sua esposa estudava Arquitetura e
precisava fotografar com qualidade vários prédios em Paris como parte da
atividade acadêmica. Compraram
equipamento adequado na Suíça e leram os manuais com atenção e partiram para as
fotos. Pegou gosto e técnica.
(Chamado de fotógrafo da Luz porque sua
marca registrada é foto em P&Branco)
30 – Por ter Mestrado em Economia,
conseguiu em Londres um destacado emprego junto à OIC Organização Internacional
do Café. Viajou por vários lugares
fotografando pela entidade, inclusive na África.
39 – O casal jovem foi uma ocasião a Praga
encontrar um parente que militava no PC Partido Comunista e estava refugiado da
URSS em Praga. O parente disse ao jovem
casal para esquecer o PC e fez sua justificativa para tal sugestão.
42 – Falou que em função da sua visão de
mundo acabou focando a chamada “foto social”, envolvendo os problemas sociais
ao redor do mundo que ele viu e sentiu.
44-
A partir de Agência de publicidade em Paris, chegou a fazer foto
reportagem para variadas e conceituadas revistas como: Paris Match, Times, Stern, NewsWeek, et.
52 -
Na América Latina, enfrentou montanhas, frio. Ficou longo tempo longe do filho pequeno e da
esposa por conta do trabalho. Chorou às
vezes.
86 -
Com seu trabalho fotográfico...
“quis dar voz aos Sem Terras brasileiros”.
57 – Fala um pouco do MST, do Paraná.
58 – Um dos seus trabalhos resultou no
livro chamado “Terra” versa sobre as ações do MST em fotos dele e poemas de Chico
Buarque. (1996)
58 – “A
fotografia é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem
tradução”.
59 -
O segundo filho dele – Rodrigo – nasceu com síndrome de Down.
66 -
Barricada de saco de areia (saco
de juta) na guerra. A bala penetra, é
retida na areia e o furo de entrada da bala se “fecha” após o ocorrido.
71 – Serra Pelada (garimpo de ouro no
Norte do BR). Foi descoberto o ouro por
lá em 1980. Serra Pelada e o garimpo
eram administrados pela Polícia Federal e o SNI Serviço Nacional de
Informações. Em 1986 a administração passou
para a cooperativa dos garimpeiros.
72 – Em Serra Pelada , 50.000
homens com picaretas, sacos, cavando e transportando solo barranco acima para a
“lavagem” e ver se tinha ouro. Um
buraco enorme de 70 metros
de profundidade.
77 – Falando de migrações pelo mundo. Década de 90, de 150 a 200 milhões de pessoas
pelo mundo andou migrando por ano do campo para as cidades. Um
impacto enorme e sem precedentes.
78 – Mecanização – migração, favelas,
drogas, violência... isto pelo mundo
afora.
78 – “Às
vésperas do século XXI, tentei mostrar a necessidade de reformularmos a família
humana sobre as bases da solidariedade e da partilha”
79 – Mais recentemente ele retornou a
vários lugares do mundo onde passou e viu as migrações e viu que o êxodo piorou tudo por lá. Citou os casos de Xangai, Jacarta,
Bombaim. “Vi ilhas de riqueza num oceano de pobreza”.
89 – Guerra na Ruanda. 2 milhões de refugiados. Viu nos campos de refugiados mortes em
massa, montes de mais de 100 m
de comprimento. Gente morta sendo
recolhida com trator tipo pá carregadeira e despejados em valas comuns. Também viu nos rios, cadáveres descendo rio
abaixo. Ficou quase doente (muito
depressivo) de ver tudo isso por tanto tempo.
Seu médico recomendou que ele voltasse para a França.
95 – Suas fotos resultaram no livro
“Êxodos”. Narra essas migrações pelo
mundo.
96 -
De volta à sua terra natal em MG, refloresta a antiga fazenda da
família. Antes eram 30 famílias de
empregados. Quando voltou recente, era
só o capataz e as terras todas desmatadas e devastadas. A tarefa de reerguer e reflorestar.
Criou o Instituto Terra e vem somando o
esforço próprio e de entidades inclusive do exterior para reflorestar a fazenda
para preservação da natureza. Já
plantou mais de 2 milhões de árvores no local, sendo de mais de 200 espécies
diferentes, sempre da sua região, para ficarem compatíveis com o bioma local.
101 – Agora o Projeto Genesis, no qual
pretende voltar a viajar o mundo e fotografar os locais onde há preservação na
Natureza.
101 – Nas andanças descobriu como viajar
apenas com o essencial. Agora, ver
tantas belezas pelo mundo. Muita alegria
nisso. Em abril de 2013 foram
publicados 2 livros da série Genesis com fotos do projeto.
103 – Os giros pelo mundo e as aulas de
humanidade pelas quais vivenciou. “Descobrindo o planeta, descobri a mim
mesmo.”
106 – O Quarup – ritual funerário indígena. O tronco que o índio carrega sobre o ombro no
ritual do Quarup representa o morto sendo reverenciado.
117 -
Ele transportava numa missão até 600 rolos de filme fotográfico e estes
sofriam com os raios-X dos aeroportos.
E o rigor nos aeroportos só piorou após o atentado de 11 de setembro às
torres Gêmeas. Maleta de filmes – peso
de 28 kg .
Quando migrou para as fotos digitais os
cartões de memória pesavam ao todo 700 gramas .
Não mais problemas com os raios-X dos aeroportos.
129 -
Curiosamente para quem fotografa em preto e branco, em cenário de neve é
complicado para ter profundidade nas fotos.
132 -
Fala da tribo dos Nenets na região Polar Ártica. Frio de -30 a -40 graus na região
dessa tribo. Esse povo não precisa de
muito para viver e tem que tudo que possuem caber num trenó e na tenda do
acampamento. Eles tem que migrar com
suas tendas em busca de pastagem, caça, etc.
“Esses homens do frio vivem com
pouco; mesmo assim, sua vida é tão intensa, tão plena e tão forte em emoções
quanto a nossa. Talvez até mais, pois
tanto multiplicamos os bens materiais para tentar nos proteger que acabamos nos
esquecendo de viver. Não olhamos mais
para a Natureza e para os outros, nos separamos da nossa comunidade.”
134 – Sobre os povos primitivos pelo mundo
afora. “Eles me ensinaram mais do que eu a eles”.
137 – Ele visitou mais de 120 países pelo
mundo.
139 -
Um cineasta alemão fez um documentário sobre Sebastião Salgado. O cineasta é Wim Wenders (quem sabe tem no Youtube, digo eu)
146 – “O mundo moderno urbanizado, cheio
de regras e leis, nos esgota. Somente na
natureza encontramos um pouco de liberdade”.
Leitor assíduo, eu já vinha acompanhando a
vida e a arte do Sebastião Salgado e apreciando seu trabalho e postura diante
da vida.
orlando_lisboa@terra.com.br blog
resenhaorlando.blogspot.com.br
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