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Fizemos um pernoite em Barreirinhas-MA que é um portal de entrada para conhecer os Lençois Maranhenses, um formidável conjunto (155.000 ha) de dunas que na época das águas abriga uma infinidade de lagoas de água doce das chuvas. O lugar é ímpar e deslumbrante. Na matéria anterior eu falei sobre as dunas em si. Hoje vou falar um pouco do passeio que fizemos numa "voadeira", como são chamados esses barcos de alumínio com motor de popa (acho de uns 75 HP) que navegam a uns 50 km por hora, se bem que marcam velocidade na água em milhas náuticas.
O passeio dura umas oito horas, incluindo o tempo de almoço no trecho. No pacote que adquirimos - o mais usual - é ir de voadeira, todos com seus coletes salva vidas, com bom nível de segurança. E o rio não tem ondas até porque é de planície e já está perto do mar. São quase 40 km de viagem com três paradas a saber.
Antes de falar das paradas, é bom dizer que as margens do rio são preservadas e se vê mata dos dois lados o tempo todo, o que é muito agradável. Vi poucos pássaros, apesar de ver muita mata no trecho. Quando vamos chegando meio perto do mar (coisa de uns 6 km) começamos perceber que os coqueiros da mata vão desaparecendo porque nesse local a água é misturada com a do mar e o sal muda o ambiente. E somem os coqueiros, mas há muita mata com raizes aéreas comuns de mangue, sendo que essas raizes ajudam a planta a respirar.
Na ida, de voadeira, tirando as paradas, é ao redor de uma hora de viagem. A primeira parada fica onde o rio tange a primeira duna dos Lençois Maranhenses nessa região. Nesse ponto chamado de Vassouras (um tipo de mato de lá), há um micro povoado com uma lanchonete que serve o básico de cerveja, refrigerantes, água de coco, etc. Ali se faz uma visitinha às dunas e depois segue-se em frente de voadeira rio abaixo, rumo ao mar. Uns macaquinhos domesticados no restaurante dão um show à parte para os turistas.
A próxima parada já é bem perto da foz do rio, à esquerda, na comunidade de Mandacaru (nome de um cacto do nordeste). Lá tem uma povoação com escola e tudo. E o marco lá é um farol feito de alvenaria, datado de 1909, em ótimo estado, aos cuidados da Marinha. É aberto à visitação pública e dá para subir os seus 160 degraus de forma muito segura (escada helicoidal interna com corrimão) e ter acesso à sacada circular em torno de todo o farol. Vista para a mata, o rio e o mar. E no barzinho de Mandacaru, junto ao cais, batidinhas, sendo que a mais procurada é uma caipiroska com caju. Experimentamos e estava muito boa.
A outra parada foi logo do outro lado do rio, perto de Mandacaru, no micro povoado de Caburé. Nome emprestado de uma coruja que vivia na região e que fazia ninho em tocas na areia. O povo foi entrando por lá e as corujas deram no pé ou bateram asas para ficar fora do perigo.
Caburé fica numa restinga que é um filete de terra (na verdade areia do mar) de uns 300 metros de largura que separa o Rio Preguiça do mar. Um lugar muito lindo. Restaurante rústico coberto com folhas de palmeiras e galpão com redes de descanso ao lado para os turistas curtirem os momentos depois do almoço. Energia lá é de gerador e por isso os preços de tudo são meio salgados, mas dá para sobreviver, afinal o paraiso é raro e caro.
Banho de mar, almoço de comidas típicas (baião de dois, carne de sol, etc), deitar na rede e lá pelas 14.30, caminho de volta. Mais uma hora de voadeira até retornar a Barreirinhas. Um passeio de deixar saudades. Lindo demais.
orlando_lisboa@terra.com.br
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