Dias atrás passou na TV um programa dominical que falava da degradação ambiental na região do Cerrado Brasileiro e da Amazônia. Mostrava lugares onde as florestas foram dizimadas até a beira dos rios, de forma predatória e irresponsável. Nem precisa dizer do dano que tudo isso causa para toda a sociedade. Na mesma reportagem mostrava uma Ong que estava incentivando os proprietários das fazendas a restaurar a vegetação ao menos nas margens dos rios e nascentes, o que já é um bom começo. Protege os rios, a flora, a fauna e a vida de uma forma mais ampla.
Dentre muitas formas de recompor o que foi danificado, uma delas é vedar a área (cercar) e não mais cultivar a mesma e nem deixá-la para o gado pastar nas partes protegidas. Pois a própria Natureza, com esforço e tempo, vai regenerando a mata ciliar e a vida silvestre vai povoando de novo o lugar, o que é um alento.
Então vamos voltar ao nosso pé de ipê amarelo, que faz parte desta prosa.
Quando eu cheguei na ESALQ-USP em Piracicaba para fazer agronomia no ano de 1973, passei a percorrer o campus, que é de uma beleza sem par. Muito verde, muitas árvores, arbustos, gramados e uns lagos, tudo muito bem cuidado. Cada turma que se forma (e olha que já foram muitas, já que a escola é de 1901), costuma plantar uma "árvore da turma" no campus como lembrança. A árvore recebe do lado uma plaquinha apoiada numa estaca encravada no solo, identificando a árvore por seu nome popular, nome científico e pelo ano de plantio.
Em frente ao chamado prédio principal da ESALQ, onde funciona a secretaria geral, há um pé de ipè amarelo adulto que no meu tempo tinha lá sua plaquinha indicando que foi plantado em 1920. Para que se tenha uma idéia, em 1973 aquele pé de ipê então já tinha seus 53 anos de vida e pelo visual era ainda uma planta jovem, com o tronco na DAP (diâmetro na altura do peito) de uns 25 a 30 centímetros e uma altura não mais que uns dez metros. Este ipê nos dava uma boa noção do tempo que uma planta pode precisar para dar o ar da graça na Natureza. É certo que cada espécie tem seu tempo, mas fica um alerta para quem faz os desmatamentos: colocar ao chão é bem rapidinho, mas recompor parte do que foi destruído pode ser algo moroso e oneroso.
Um dia, lá pelos tempos de pré vestibular, num livro de Química do Setsuo e Feltre, estava lá a frase atribuida a Paracelso: "Quem nada conhece, nada ama". Quanto mais a gente conhece dos elementos da natureza e sua complexidade e beleza, sentimos mais amor pela Natureza e entendemos a necessidade de tirar dela nosso sustento de forma equilibrada, dentro dos princípios da sustentabilidade: economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Posso afirmar com segurança como profissional do ramo que isso é perfeitamente possível e temos os meios para tal. Precisamos ter vontade e colocar as mãos à obra. Nossos descendentes agradecem.
O ipê é uma planta de crescimento lento e possui uma madeira muito dura, pesada e resistente. Quando ainda era abundante na natureza, era comum o uso dessa madeira para fazer as duas "longarinas" que suportam a carroceria dos caminhões. Toda a estrutura das carrocerias de madeira dos caminhões, sempre que possível, era de ipê para durabilidade. A madeira é tão dura (alta densidade) que afunda na água, ao contrário da maioria das madeiras que tem densidade menor que a água e neste caso, boia na água.
ResponderExcluireu lembro ateh hj d uma vez q vc colocou num balde de agua, um pedaço de ipe e outro de outra madeira, e como uma afundava e outra não!
ResponderExcluiripe realmente eh mto lindo. espero q ainda tenham estas plantas qdo eu for velhinha
:-p
bjs