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domingo, 1 de maio de 2011

O PEDRÃO E SEUS DOIS CÃES


                                                     foto ilustr. de oglobo.globo.com

      A cidade é Maringá, no Paraná e a praça se chama Napoleão Moreira da Silva, mas que no popular é a praça da Pernambucanas.   No coração da cidade, sem placas, ninguém sabe o nome e nem a nobreza do pioneiro que dá nome à praça.   E olha que na dita cuja há uma estátua com o busto em bronze do homenageado.    Espero que o busto esteja bem preso no concreto do pedestal porque atualmente com a onda do crack, a turma fuma no cachimbinho tudo que é placa de bronze, principalmente de cemitério.  Claro que fumam após levantar um troco ao vender a placa para uma “treide” (trading) que comercializa esse tipo de “sucata”.  O progresso tem seu preço.
     Eu até ia me esquecendo do nosso amigo Pedrão.    Dizem que uma pessoa quando parte para LINS, lugar incerto e não sabido, geralmente fugindo de credores, anoitece e não amanhece.    Pois com o Pedrão a coisa pareceu ao contrário:   ele não anoiteceu na praça e amanheceu lá e ficou.    Adotou a praça por moradia e tem do lado uma torneira para abastecimento e banho e para dar água aos seus dois cães de estimação.     Eu não falei com o Pedrão, mas o dono da Banca ali do lado disse que é esse o nome, mas isto nem é o mais relevante, porque uma pessoa que vive na rua tem sua história para si e nem sempre conta de verdade de onde vem e para onde vai e nem sabe de vai ou fica.  Vai vivendo, um dia após outro. 
     O Pedrão tem como a principal mobília o banco da praça onde se senta para descansar, deita para dormitar e usa a parede do fundo da banca para encostar o velho e surrado saco com todo seu patrimônio.    Desconfio que seu maior patrimônio está entre a esperança que deve existir ainda e seus dois cães fieis.    Ao ponto de ficarem sempre vigilantes, cuidando do amigo Pedrão e cuidando até do território deste na praça.   Se alguém meio desavisado passa mais perto deles, os cães mostram quem manda por ali. 
     Vendo o Pedrão no ir e vir à pé ao trabalho, me surgiu uma reflexão meio estapafúrdia, daquelas que a gente fez cá com nossos botões e não tem coragem de contar para ninguém.     Imaginei que o povo anda bastante sensível e pode sentir pena e querer adotar.   Adotar os dois cães do Pedrão...    Vão achar que o Pedrão não tem perdão nem solução.   No máximo, dá uma rima e mais nada.    Tomara que o Pedrão não seja o “próximo”, porque se for, no juízo final, ter juízo pode ser tarde demais.
                   Autor da Crônica:   Orlando Lisboa de Almeida  - Maringá - PR

2 comentários:

  1. Legal a crônica, Orlando! Sabe que passo ali todo dia e não sabia que aquele sujeito que vejo de vez em quando é morador assíduo do local. Realmente hoje em dia está mais fácil aparecer gente querendo adotar os bichos que ajudar as pessoas.

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  2. este pelo menos tem 2 amigos! conseguiu mais do q mtas pessoas hj em dia, q acham q tem td

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