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domingo, 4 de agosto de 2013

RECORDANDO MAUÁ - SP DOS ANOS 60





CAMINHANDO À PÉ PELAS AVENIDAS RIO BRANCO E ITAPARK EM 1965
         Orlando Lisboa de Almeida        orlando_lisboa@terra.com.br
Eu morava na Vila Bocaina em Mauá-SP nessa época.    Vamos dar uma pequena caminhada no tempo para relembrar um pouco das lembranças que tenho desse percurso da Estação de Mauá até onde eu morava, que ficava ao lado de onde tinha um tanque do lado direito da Avenida Itapark, após o chamado barrancão.    Percurso tentando resgatar como era esse percurso visto no dia-a-dia da época.     A Avenida Rio Branco já era feita com calçamento de paralelepípedos (pedras justapostas), que eram comuns nas pedreiras de Mauá da época.  Era calçada porque fica na região central e por ser “corredor” de ônibus urbano.   A Avenida Itapark que segue na continuação da Avenida Rio Branco ainda não tinha nem calçamento.  Era chão batido mesmo.   Poeira quando estava seco e barro nos tempos das chuvas e garoas.  E olha que garoava em Mauá quando tinha muito mais mata por lá.
     Então vamos andando.   A Estação era e deve ser quase o marco zero da nossa cidade e ao lado dela tinha o Ponto de Taxi número 1.   Os carros pretos mais antigos já estavam sendo substituídos pelos DKV Vemag se minha memória não falha.    Na Rio Branco, quarteirão da Estação, havia casas “amarelas” da RFFSA Rede Ferroviária Federal S.A.   Casas dos empregados da Estrada de Ferro, cada uma com o recuo da rua, jardim na frente, espaço nas laterais e quintal.  Coisa rara na Mauá de hoje.
     Ainda nesse primeiro quarteirão, do lado oposto à Estação, ficava a garagem da Turismo Bozatto, cujos ônibus usualmente faziam principalmente as linhas fretadas de levar os trabalhadores às grandes indústrias da região.
     Em seguida, a Concha Acústica da Praça XXII de Novembro e logo em seguida, uma ponte sobre o Rio ou Córrego Tamanduateí que nesse ponto saia do terreno da ferrovia e passava pela Praça XX de Novembro e seguia adiante.    Na praça, dos dois lados do córrego, carreiras de Chorão, aquelas árvores de galhos pendentes quase até o chão. 
     Ao lado da praça, os pontos de ônibus para ligar o trem com o acesso aos bairros.
     Seguindo a Avenida Rio Branco, logo após a praça, do lado direito, espaço da calçada, só que em chão batido, havia uma barraquinha de vender doces.   Era uma barraca pra lá de tosca e nunca me encorajei de comprar algo lá, mas a barraca era parte da paisagem.    E por ali a Rio Branco segue meio que divisando com a ferrovia e havia uma cerca de tela que sempre tinha lugares com cipó de flores azuladas ou violetas, planta silvestre, que estava sempre presente na cerca.   Do outro lado da cerca (hoje é tudo muro) se via o Córrego que tinha em sua margem o chamado Capim Fino, muito comum na beira da água na região.
     As casas de moradia e comércio desse lado da Avenida Rio Branco começava pelo Bar do Avelino.    Seguindo um pouco mais, antes do que hoje é o viaduto da Saudade, do lado direito de quem sobre centro-bairro, havia um grupo de casas de alvenaria muito antigas e uma delas era dos Brancalion.   Lá morava o Laercio Brancalion, nosso conhecido.   Por ali tinha o Mercado do Delpoio e mais algum comércio.   Nesse trecho antes do atual viaduto, do lado esquerdo, tinha um barranco elevado e havia o resto da construção de uma estrutura que me parece que foi de uma pedreira.   Ali haveria no passado uma máquina britadora de pedras.
Logo em seguida, à direita, a quase chácara onde moravam duas senhoras da família Pantano, ambas doceiras.   Faziam divisa com o terreno onde ficava a Indústria Brasileira de Pigmentos, que soltava uma fumaça carregada de enxofre que era o Caldeirão do Capeta.   A fábrica ficava abaixo do nível da Avenida (que ali já seria Itapark, eu acho) uns oito metros e a fumaça saia das chaminés lá em baixo e pegava a gente passando  à pé na avenida, no maior sufoco.  No tempo chuvoso ou de garoa ficava mais difícil a fumaça subir e sufocava mais ainda.    Nem mato nascia no barranco do lado esquerdo da avenida ao lado da Pigmentos.
     Terminando o terreno da Pigmentos, à direita, havia um local onde nasciam pequenas nascentes (atual mercado Onitsuka, suponho) e eram terrenos baldios, com caminhos para passar à pé.   Era o caminho mais comum para quem ida da Vila Bocaina à Porcelana Real.
     A Rua General Osório, que desce do Viscondinho até a Avenida Rio Branco nesse trecho era de chão batido.   Nem calçamento de paralelepípedo tinha, pois por ali não passava ônibus.
     Depois vinha o Depósito de Materiais de Construção do Coppini, Bar do Renzo com o campo de bocha, bem frequentado pela terceira idade da época.    Em seguida, o Barrancão, sendo que houve corte de barranco no passado (ali seria trilho de vagões para transporte de pedras em outros tempos) e a Avenida Itapark passava pelo trecho com alto barranco dos dois lados.  Em seguida, umas casas do lado direito e um tanque que teria surgido quando aterraram o local para ficar plano e então represou a baixada do lado direito, formando o tanque.  Quando eu conheci o local, já tinha o tanque que posteriormente foi aterrado e chegou a ser pátio de uma Companhia de Limpeza Urbana.     A Pioneira, que meu mano, pelo odor que o local tinha, chamava a empresa de “Pioieira”.      
     Nesse percurso passava ônibus e seguia adiante rumo ao Falchi e outros bairros, contornando à esquerda lá na frente, passando por outros bairros até sair na Avenida Barão de Mauá lá no rumo de quem vai para o Itapeva.    
     Em resumo, esse era um cenário que tínhamos na época em que eu tinha lá pelos 15 anos de idade e ia à pé da Rua Duque de Caixas, quase esquina com a Avenida Itapark, até o Viscondão, num percurso de uns dois ou mais quilômetros, com poeira, barro e muita garoa e ruas não tão iluminadas.   Foi um período duro, mas foi uma fase da juventude onde as amizades foram formadas e valeu a pena tudo isso, com toda certeza.



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