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Resumo feito pelo leitor: Orlando Lisboa de Almeida -
setembro de 2012
Conforme já disse algumas vezes, das
leituras que faço de 94 para cá, coloco aquilo que achei mais marcante num
caderno que depois fica na sequência na estante junto com os livros. Quando resolvo ir revisitar o tema, a essência
está lá, sempre dentro do meu ponto de vista.
Vamos ao caderninho, volume VIII, páginas 16 a 22. Diga-se de passagem, uso computador mas não
confio muito nos arquivos virtuais que podem ir para o espaço e eu não quero
correr risco, então uso o rabisco no caderno para o caso.
Livro: Henfil na China (Antes da Coca Cola)
Autor: Cartunista Henfil (era hemofílico e faleceu cedo)
Editora:
Record – Rio de Janeiro – Brasil
Edição – 18ª. – ano 1987 - 310 páginas, com ilustrações do autor.
Ele foi lá pelo ano de 1977 para a China
por paixão política e missão de trabalho como repórter de jornal. Primeiro voou até Paris e de lá seguiu
para a China com escala no Paquistão.
No Paquistão viu, mesmo no aeroporto, a precariedade da vida do povo
local. Falta de muita coisa, de
sanidade, sendo que viu até guardas de pés descalços.
Ele cita uma das diferenças culturais até
para reflexão: viu homens de mãos dadas
no Paquistão e fez um paralelo. Há vários
povos que tem esse hábito pelo mundo, inclusive certos índios brasileiros e
destacou que o andar de mãos dadas não afetou a masculinidade dos homens. Temos que respeitar as diferentes culturas.
A China tem 55 Nações. As minorias, após
a Revolução Comunista, passaram a ser atendidas pelo Estado. E estas tem direito a representantes no
Parlamento Chinês. Sobre essa
representação das minorias, fez uma reflexão sobre o Brasil. Por quê
não temos representantes das diversas Nações que compõem o nosso Brasil no
Congresso? Índios, por que não? Ele faz uma esmerada justificativa dessa
tese no contexto (na página 33 da edição citada).
33 – “A autonomia da língua é o nó vital
da autonomia cultural”.
34 – “ Os costumes, os hábitos, as festas
tradicionais e a religião das minorias nacionais são respeitados (na China).”
34 – O Instituto das Minorias Nacionais e
toda a sua estrutura... “é como se
ensinar o índio a ser índio”. Resgatar
a cultura local em sua diversidade.
35 -
Só trabalhar ou só estudar. Na
China (1977) a pessoa trabalha e
estuda. Costuma-se estudar no tema em
que se trabalha e trabalhar no tema em que se estuda.
35 – Não tem controle de natalidade para
as minorias. Só há para os Han, que são
os majoritários na China em termos de quantidade de pessoas.
36 – Se desestimula casamentos dos Han com as minorias. As 54 minorias tem 6% da população chinesa e
ocupam 50% do território chinês. Procura-se que os Han não “invadam” (aspa
minha) os territórios das minorias.
36 – “Estrada nenhuma pode ficar
estradando, madeireira madeirando e
multinacionais multinacionando por lá a torto e direito”.
36 – Fala dos prédios toscos das escolas
(1977), afinal não faz tantos anos que
houve a revolução comunista e a pobreza era muito maior por lá. Diz que o mais relevante é o que se aprende
nelas e não os prédios.
37 – As privadas são para uso de cócoras. Sem contato com o assento. Mais natural e menos risco de doenças. “evita até prisão de ventre”.
47 – Fezes e urina humanos são coletados e
tratados para fertilização de lavouras, afinal passa de um bilhão a população
chinesa e não se pode desperdiçar nada.
50 – Camas sem colchão; uso do tipo de
tatame sobre a cama, algo como uma esteira.
Travesseiro de madeira ou de porcelana e nada de problema de coluna,
etc.
62
- Hotel bom sem chaves nas portas
dos quartos dos hóspedes. Ninguém mexe
em nada. Índice de roubos e furtos é
relativamente muito baixo por lá e este é um ponto que os ocidentais não
costumam destacar.
65 – Operários trabalham e estudam. Fábrica tem creche, biblioteca, escola, etc.
65 – Mulheres operárias: 1/3 da mão de obra das fábricas. Quando ficam grávidas, passam para serviço
mais leve. No parto, 56 dias de licença
maternidade e depois, 1 hora por dia para amamentar o bebê na creche da fábrica.
65 – Na fábrica, no ano (77) que visitou lá,
o salário variava entre 33 yuans e 108 yuans, portanto não há muita discrepância
entre os mesmos.
65 – No pátio das fábricas, homens e
mulheres operários treinam com fuzil meia hora por dia para estarem preparados
para a defesa do País.
68 –
Idosos ajudando a cuidar (e repassar valores) às crianças nas creches. Bom para os pais, bom para as crianças e uma
terapia ocupacional para os idosos que se sentem valorizados. O trabalho dos idosos é voluntário (não
remunerado).
70 – A mulher se aposenta (1977) aos 50 anos
e o homem aos 60 anos nas fábricas.
70 – Não tem férias. Tem um curto período para viajar e visitar
parentes distantes, afinal houve muita migração interna de lugares distantes e
do campo para a cidade.
70 – O administrador (ou a administradora)
da fábrica em geral conhece um ou dois dos ofícios que se pratica na mesma. A pessoa do comando pode mesclar seu
trabalho com períodos de retorno à linha de produção, pegando no pesado como os
demais operários. Quem manda, sabe
fazer e também tem maior respeito dos colegas.
71 – Lá o camponês é visto como um pouco
inferior aos operários da cidade. Mas o
autor disse que em geral são mais alegres que os empregados das fábricas.
71 – Adulto não toma leite por lá. É uma questão cultural inclusive pelo fato
de que o organismo do asiático adulto não se dá bem com o leite.
73 – Crianças nas escolas vão uma vez por
ano ao campo fazer serviços leves como arrancar matos da lavoura, colher
frutas, etc. Assim aprendem algo sobre
o modo de vida na zona rural e respeitam mais o povo da agropecuária.
75 – Revista China Ilustrada é editada em
15 idiomas.
85 – Luto na China é branco, não
preto. O mausoléu de Mao Tse Tsung é
branco.
Estes foram os destaques que anotei do
livro que segue adiante com uma série de informações com ênfase na parte
educacional do povo chinês. Lendo o
livro, apesar de ser de 1977, já consegue dar uma noção de que o sistema lá
adotado iria alavancar a China a uma posição de destaque no cenário mundial.
Depois desta obra li Laowai, da jornalista
Sonia Bridi (Rede Globo de Televisão), já este livro, baseado no tempo de
permanência de dois ou três anos lá como correspondente da Globo. Ela tem uma visão mais superficial e meio
debochada do povo chinês. Pretendo
também passar uma resenha deste livro dela em momento oportuno. Se o livro é controverso, ao menos tem
uma boa entrevista com o Dalai Lama que se estende por umas doze páginas. O livro tem muitas fotos produzidas pelo
esposo da Sonia Bridi, ele que é repórter fotográfico.